Ministro do Trabalho é afastado do cargo em ação de desdobramento da operação Registro Espúrio
A
Polícia Federal cumpre mandado de busca e apreensão no gabinete do
deputado federal Nelson Marquezelli (PTB-SP). O ministro do Trabalho,
Helton Yomura, foi afastado do cargo. A ação é um desdobramento da
operação Registro Espúrio, que desarticulou suposta organização
criminosa integrada por políticos e servidores que teria cometido
fraudes na concessão de registros de sindicatos pelo Ministério do
Trabalho.
O G1 tenta contato com a defesa de Nelson Marquezelli e
Helton Yomura. Ao todo, são cumpridos 10 mandados de busca e apreensão e
três mandados de prisão temporária, expedidos pelo Supremo Tribunal
Federal (STF), em Brasília e Rio de Janeiro.
Além das buscas, a
pedido da Polícia Federal e da Procuradoria-Geral da República, a PF
informou que serão impostas aos investigados medidas cautelares para
proibir que os políticos frequentem o Ministério do Trabalho e mantenham
contato com os demais investigados ou servidores da pasta.
Segundo
a PF, as investigações e o material coletado nas primeiras fases da
operação Registro Espúrio indicam a participação de novos atores e
apontam que cargos da estrutura do Ministério do Trabalho foram
preenchidos com indivíduos comprometidos com os interesses do grupo
criminoso, permitindo a manutenção das ações ilícitas.
Operação Registro Espúrio
Em
maio deste ano, a polícia fez buscas nos gabinetes dos deputados
federais Paulinho da Força (SD-SP), Jovair Arantes (PTB-GO) e Wilson
Filho (PTB-PB), cujas prisões chegaram a ser pedidas pela PF, mas o
ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF) não autorizou.
De acordo com as investigações da Polícia Federal,
– os registros de entidades sindicais no ministério eram obtidos mediante pagamento de vantagens indevidas;
– não era respeitada a ordem de chegada dos pedidos ao ministério;
– a prioridade era dada a pedidos intermediados por políticos;
– a operação apontou um “loteamento” de cargos do Ministério do Trabalho entre os partidos PTB e Solidariedade.
Na
época, Wilson Filho disse, por meio de nota, não ter participação na
concessão de registros sindicais no Ministério do Trabalho. Paulinho da
Força afirmou que desconhece os fatos investigados. Jovair Arantes diz
que se posiciona “em consonância” com nota emitida pelo PTB, segundo a
qual a direção do partido “jamais participou de quaisquer negociações
espúrias” (veja íntegra das notas dos deputados ao final desta
reportagem).
Segundo as investigações, o “núcleo político” do
suposto esquema teria como participantes, além dos deputados, o
presidente do PTB, deputado cassado Roberto Jefferson; o suplente de
deputado Ademir Camilo Prates Rodrigues (MDB-MG); e os senadores Dalírio
Beber (PSDB-SC) e Cidinho Santos (PR-MT), atualmente licenciado do
mandato.
A PF também pediu a prisão de Roberto Jefferson, mas
Fachin não atendeu. Segundo o ministro, há indícios de que ele sabia do
esquema, mas não que tenha se beneficiado. Segundo nota (leia a íntegra
ao final desta reportagem), a direção nacional do PTB “jamais participou
de quaisquer negociações espúrias no Ministério do Trabalho”.
Em São Paulo, os agentes fizeram buscas na Força Sindical e na União Geral dos Trabalhadores (UGT).
Outros
alvos da operação, para os quais havia mandados de prisão expedidos,
são Leonardo José Arantes e Rogério Papalardo Arantes, sobrinhos do
deputado Jovair Arantes (PTB-GO).
G1

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