Brasil vai pedir ao governo dos Estados Unidos registros da ditadura militar
O então presidente da República Ernesto Geisel durante evento em São Paulo em novembro de 1978 - (Foto: Estadão Conteúdo/Arquivo) |
O
Ministério das Relações Exteriores (MRE) informou que a embaixada do
Brasil em Washington foi “instruída” a solicitar ao governo americano os
documentos produzidos pela CIA (agência de inteligência
norte-americana) sobre operações de tortura e morte de brasileiros.
A
determinação contempla o pedido feito na sexta-feira (11) pelo
presidente do conselho do Instituto Vladimir Herzog, Ivo Herzog, filho
do jornalista assassinado na ditadura militar.
Ivo
enviou carta ao ministro Aloysio Nunes na qual pediu para que o governo
federal solicite aos EUA a “liberação completa” dos registros da CIA
que “documentam a participação de agentes do Estado Brasileiro em
operações para torturarem ou assassinarem cidadãos brasileiros”.
A
carta foi enviada ao ministro após a revelação de um memorando da CIA,
segundo o qual o general Ernesto Geisel, presidente do Brasil entre 1974
e 1979, sabia e autorizou execução de opositores durante a ditadura
militar.
Vladimir
Herzog foi torturado e morto em uma cela do DOI-Codi em São Paulo, em
25 de outubro de 1975. Na época, o regime militar argumentou que Herzog
tinha se suicidado.
O
MRE informou por telefone que a “embaixada do Brasil em Washington foi
instruída a solicitar a documentação pertinente ao governo americano”.
Os documentos solicitados tratam do pedido feito pelo Instituto Vladimir
Herzog.
Um
levantamento do G1 com base em registros da Comissão Nacional da
Verdade mostra que 89 pessoas morreram ou desapareceram após 1º de abril
de 1974, data a partir da qual, segundo o documento da CIA, Geisel
autorizou a execução de opositores.
G1
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