América Latina é a região mais violenta do mundo, diz estudo publicado pelo Washington Post
A
América Latina é a região mais violenta do mundo, segundo estudo feito
pelo Instituto Igarapé e publicado, nesta quinta-feira (26), pelo diário
americano “Washington Post”. O think tank brasileiro com sede no Rio de
Janeiro compilou as estatísticas num relatório em forma de aplicativo
interativo, no qual o internauta pode obter informações sobre homicídios
mundo afora.
Ao
menos 437 mil pessoas são assassinadas no mundo a cada ano – uma média
de 6,2 assassinatos por 100 mil habitantes. A América Latina e o Caribe
abrigam 8% da população mundial, mas concentram 33% dos homicídios
globais.
Dezessete
dos 20 países com as maiores taxas de homicídios estão localizados na
América Latina e no Caribe. Quatro países da região – Brasil, Colômbia,
México e Venezuela – são responsáveis por um quarto (25%) dos
assassinatos globais.
Mais
de 130 grandes cidades latino-americanas (com mais de 250 mil
habitantes) podem ser consideradas altamente perigosas, pois têm taxas
de homicídios superiores a 25 para cada 100 mil habitantes.
Entre
as 50 cidades mais violentas do mundo, 43 estão localizadas na América
Latina e no Caribe. As quatro primeiras são San Salvador, em El
Salvador, Acapulco, no México, San Pedro Sula, em Honduras, e Soyapango,
em El Salvador. O Top 10 tem três cidades brasileiras: Marabá, São Luís
do Maranhão e Ananindeua.
Dos
aproximadamente 437 mil assassinatos anuais pelo mundo, quase metade
são cometidos com armas de fogo – na América Latina e no Caribe este
número sobe para 66%. Mundialmente, 74% das vítimas são homens, enquanto
na América Latina e no Caribe a cifra sobe para 81%. Além disso, mais
da metade das vítimas latino-americanas e caribenhas têm idade entre 15 e
29 anos. A região tem as maiores taxas mundiais de feminicídio:
encabeçam a lista Haiti (57%), Suriname (46%) e Granada (36%).
Existem
36 países com taxas de homicídios abaixo de um por 100 mil habitantes.
Vinte estão na Europa, 11 na Ásia, três na Oceania e dois na África. Os
países com as menores taxas de homicídio no mundo são Andorra, o
principado de Mônaco e a Grécia. Na América Latina, o Chile apresenta a
menor taxa de homicídio: 2,7 assassinatos para cada 100 mil habitantes.
Os
autores do relatório do Instituto Igarapé tentaram dar uma explicação
para o problema endêmico de homicídios na América Latina e no Caribe.
Eles fizeram questão de esclarecer que não é que toda a América Latina
seja violenta, mas que há áreas determinadas nas quais ocorre uma
quantidade desproporcional de homicídios.
A
América Latina é particularmente suscetível a condensações de crimes
por causa de sua urbanização desenfreada. As cidades latino-americanas
cresceram mais rápido do que na maioria das outras partes do mundo
durante os últimos 50 anos. Em 2000, por exemplo, três quartos da
população vivam em cidades – praticamente o dobro da proporção na Ásia e
na África.
Segundo
a publicação britânica The Economist, “a mudança do campo para a cidade
concentrou os fatores de risco para violência letal – desigualdade,
jovens desempregados, famílias deslocadas, serviços governamentais
deficientes, fácil acesso a armas de fogo”.
Além
disso, os autores do relatório do Instituto Igarapé afirmaram que, em
muitos casos, não há forças de segurança suficientes, particularmente em
áreas de alta criminalidade. E, em diversos casos, os policiais estão
envolvidos com o crime organizado. Além disso, a maioria dos
assassinatos não é resolvida. Em algumas partes da América Latina,
apenas um em cada 20 homicídios reportados é solucionado.
G1

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