Em pronunciamento, Cármen Lúcia destaca “intolerância” no país contra pessoas e instituições

A
presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia,
gravou hoje (2) um pronunciamento no qual afirma que o país vive “tempos
de intolerância e de intransigência contra pessoas e instituições”.
A
manifestação da ministra ocorre a dois dias do julgamento no qual a
Corte retomará a discussão sobre o pedido de habeas corpus protocolado
pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para evitar a execução
provisória da pena de 12 anos e um mês de prisão na ação penal do
triplex do Guarujá (SP), um dos processos da Operação Lava Jato. O
processo está pautado para a sessão da próxima quarta-feira (4).
No
pronunciamento, Cármen Lúcia pede serenidade ao povo brasileiro e diz
que, fora da democracia, “não há respeito ao direito, nem esperança de
justiça e ética”.
“Problemas resolvem-se com racionalidade,
competência, equilíbrio e respeito aos direitos. Superam-se dificuldades
fortalecendo-se os valores morais, sociais e jurídicos. Problemas
resolvem-se garantindo-se a observância da Constituição, papel
fundamental e conferido ao Poder Judiciário, que o vem cumprindo com
rigor”, disse a presidente do STF.
Íntegra do pronunciamento
“A
democracia brasileira é fruto da luta de muitos. E fora da democracia
não há respeito ao direito, nem esperança de justiça e ética. Vivemos
tempos de intolerância e de intransigência contra pessoas e
instituições.
Por isso mesmo, este é um tempo em que se
há de pedir serenidade. Serenidade para que as diferenças ideológicas
não sejam fonte de desordem social. Serenidade para se romper com o
quadro de violência. Violência não é justiça. Violência é vingança e
incivilidade. Serenidade há de se pedir para que as pessoas possam expor
suas ideias e posições, de forma legítima e pacífica.
Somos
um povo, formamos uma nação. O fortalecimento da democracia brasileira
depende da coesão cívica para a convivência tranquila de todos. Há que
serem respeitadas opiniões diferentes.
Problemas
resolvem-se com racionalidade, competência, equilíbrio e respeito aos
direitos. Superam-se dificuldades fortalecendo-se os valores morais,
sociais e jurídicos. Problemas resolvem-se garantindo-se a observância
da Constituição, papel fundamental e conferido ao Poder Judiciário, que o
vem cumprindo com rigor.
Gerações de brasileiros
ajudaram a construir uma sociedade, que se pretende livre, justa e
solidária. Nela não podem persistir agravos e insultos contra pessoas e
instituições pela só circunstância de se terem ideias e práticas
próprias. Diferenças ideológicas não podem ser inimizades sociais. A
liberdade democrática há de ser exercida sempre com respeito ao outro.
A
efetividade dos direitos conquistados pelos cidadãos brasileiros exige
garantia de liberdade para exposição de ideias e posições plurais,
algumas mesmo contrárias. Repito: há que se respeitar opiniões
diferentes. O sentimento de brasilidade deve sobrepor-se a
ressentimentos ou interesses que não sejam aqueles do bem comum a todos
os brasileiros. A República brasileira é construção dos seus cidadãos.
A
pátria merece respeito. O Brasil é cada cidadão a ser honrado em seus
direitos, garantindo-se a integridade das instituições, responsável por
assegurá-los.”
Agência Brasil
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