No Dia Mundial de Combate ao Câncer, saiba o que causa a doença e quais seus sintomas e tratamentos
Entenda como um tumor maligno surge, cresce e afeta a saúde – e quais os remédios e métodos de prevenção que temos
O câncer, na verdade, é um conjunto de doenças - (Ilustração: Sattu/SAÚDE é Vital) |
O que causa câncer?
Ora, ele surge quando uma célula do corpo sofre um conjunto de mutações
que a fazem se proliferar desordenadamente, invadir locais onde não
deveria estar e escapar de mecanismos de defesa do organismo que a
destruiriam. Esse crescimento descontrolado pode acontecer em diferentes
áreas – pulmão, cólon, mama, cérebro, pele, ossos, nervos, estômago, intestino…
Aos poucos, as células tumorais tomam o lugar das saudáveis e abalam o
funcionamento do órgão afetado. Quando a doença avança, pode se
espalhar pelo corpo, fenômeno conhecido como metástase. Aí o tratamento
fica mais complexo.
O desenvolvimento anormal da célula acontece por um defeito no DNA.
Essas alterações podem ser herdadas dos pais, pipocar de modo espontâneo
ou decorrer de agentes externos, como cigarro, vírus, exposição excessiva ao sol, obesidade e consumo de certos alimentos. Esses são os fatores cancerígenos.
Essa doença pode atingir células sanguíneas (são os cânceres
líquidos, assim por dizer) ou órgãos (os sólidos). No primeiro caso, por
exemplo, enquadram-se as
leucemias, que dão as caras na medula óssea – nossa fábrica de unidades
sanguíneas – e os linfoma, formados nos gânglios linfáticos.
Os tumores sólidos, por sua vez, englobam os sarcomas, que atingem
músculos, ossos e cartilagens e são mais prevalentes em pessoas jovens.
Ou os carcinomas, que atingem o tecido epitelial – que recobre a pele e a
maioria dos órgãos – e são mais comuns com a avançar da idade.
Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), estima-se que, em 2018, ocorrerão no Brasil cerca de 600 mil novos casos de câncer.
Sintomas e sinais
– Nódulos
– Dores
– Lesões
– Manchas
– Coceira
– Perda de peso
– Fadiga
– Febre frequente
– Sangue nas fezes ou na urina (câncer anal ou de bexiga)
– Rouquidão e dificuldade de fala (câncer de boca e garganta)
– Tosse persistente e sangramento nas vias respiratórias (câncer de pulmão)
– Anemia (leucemia)
– Dificuldade para urinar ou fazer xixi diversas vezes por dia (câncer de próstata)
– Confusão mental, distúrbios visuais, convulsões (câncer no cérebro)
Dependendo da localização e da agressividade, os sintomas podem
demorar mais a aparecer. Isso, claro, impacta na precocidade do
diagnóstico e nas chances de sucesso do tratamento.
Fora que esses sinais muitas vezes são confundidos com outros
problemas de saúde – um indicativo de que podem sinalizar algo grave é o
tempo. Ou seja, se o sintoma não tem motivo aparente e não desaparece
após alguns dias, possivelmente está atrelado a alguma doença.
Fatores de risco
– Tabagismo
– Excesso de ingestão de bebida alcoólica
– Alimentação desregrada: por exemplo, o consumo excessivo de alimentos industrializados ou embutidos, com substâncias como nitritos e nitratos, favoreceria tumores
– Sexo sem proteção
– Exposição a poluentes ou substâncias tóxicas, como amianto, arsênio e níquel
– Exposição prolongada aos raios solares sem proteção
– Radiação
– Remédios à base de hormônios
– Idade: o risco de sofrer de câncer duplica a cada cinco anos após os 25 anos de idade
– Infecções virais a exemplo de HPV e hepatite B
– Doenças inflamatórias como colite ulcerativa
– Herança genética
Embora o componente hereditário tenha participação importante no
desenvolvimento de tumores, é possível se cercar de cuidados para
reduzir o risco da doença.
Evitar a exposição ao sol entre as 10 e as 16 horas, assim como
passar protetor, diminui bastante a probabilidade de câncer de pele, por
exemplo. Não fumar afasta inúmeros tumores, dos de pulmão aos de
intestino. Maneirar no álcool resguarda a boca e a garganta.
Já o HPV, responsável por praticamente todos os tumores de colo de útero, pode ser prevenido com uma simples vacina. Outras infecções cancerígenas, como a hepatite B, são preveníveis com uso de camisinha.
A dieta também tem peso importante. Um cardápio equilibrado,
com frutas, legumes e verduras, abastece o corpo de nutrientes
antioxidantes, que formam uma barreira contra os radicais livres,
moléculas que podem danificar o DNA e originar uma célula tumoral.
Isso sem contar um considerável efeito indireto: quem opta por esse
tipo de alimentação costuma ter mais facilidade em controlar o peso. E a
obesidade promove processos inflamatórios e alteração dos níveis de
certos hormônios, entre outras coisas que servem de estopim para a
enfermidade.
Para ter ideia, estudos apontam ainda que uma alimentação com baixo
teor de gordura diminui o risco de aparecimento de tumores de mama,
intestino e próstata. Por outro lado, comidas gordurosas, embutidos,
produtos processados cheios de conservantes e açúcar demais devem ter
seu consumo restrito.
O diagnóstico
ideal é que o câncer seja flagrado antes mesmo de o paciente
apresentar sintomas. Quanto mais cedo o problema for detectado e
tratado, maiores as chances de ser contido.
Pessoas com história de tumores malignos na família devem relatar
esses casos ao médico. Para mulheres que tiveram mãe, tias ou avós com
câncer de mama, por exemplo, o especialista poderá antecipar a
solicitação de exames de ultrassom ou mamografia,
em geral recomendado a partir dos 40 ou 50 anos de idade na população.
E, independentemente do histórico familiar, o autoexame da mama é
recomendado a partir dos 18 anos.
O ideal é conversar com um profissional para checar qual o
acompanhamento mais adequado no seu caso. Se alguma alteração for
observada, o passo seguinte será a realização de exames específicos para
cada tipo de suspeita: ultrassom, testes de sangue, de fezes, biópsias.
De olho no diagnóstico precoce, os médicos costumam solicitar exames
em consultas de rotina, a partir de determinada idade. Exemplo: acima
dos 50 anos, homens e mulheres devem fazer exame para detecção de sangue
de fezes, o que pode indicar câncer de intestino.
O toque retal é indicado anualmente para homens a partir dos 50 anos – ou antes, em certas situações –, assim como o teste de sangue para medir o PSA, substância produzida pela próstata e que, em níveis elevados, sugere que a glândula sexual masculina está sob ameaça.E por aí vai.
O tratamento
A decisão sobre a estratégia de combate do câncer é complexa e
envolve sua localização, o estágio da doença e as características
moleculares dela. O próprio estado geral de saúde do paciente é
importante, uma vez que certas medicações e os procedimentos podem
provocar efeitos colaterais e abalar o organismo.
Muitas vezes, a terapêutica envolve a combinação de diferentes estratégias:
Quimioterapia
O paciente recebe remédios, em geral injetáveis, dotados de alta
toxicidade. Eles vagam pela circulação e atacam praticamente toda célula
que se reproduz de forma rápida e desordenada.
Mas, por essa mesma característica, o tratamento afeta também
unidades saudáveis do corpo, gerando efeitos adversos como falha na
imunidade, queda de cabelo,
náusea, perda de apetite e de peso. Verdade que, hoje, as drogas são
menos tóxicas do que antes e existem alternativas à disposição para
controlar as reações indesejadas.
A quimioterapia é feita em sessões distribuídas num período de tempo
após o qual o paciente é reavaliado. A depender do resultado, novas
rodadas podem ser indicadas.
Radioterapia
O método se vale de raios de alta energia capazes de matar as células
que formam o tumor, reduzindo seu tamanho e evitando sua disseminação.
Como é quase impossível focar esses raios apenas na área doente, eles
acabam prejudicando células sadias.
Atualmente, as máquinas emitem raios que contornam o tecido saudável
sem atingi-lo em cheio. Com isso, lesões em órgãos próximos ao tumor são
minimizadas ao mesmo tempo que a potência da radiação sobe, tornando o
tratamento ainda mais letal contra a doença.
Reações como lesões na pele, náusea e perda de peso também podem
acontecer. Assim como na quimioterapia, o tratamento é feito em sessões
por um determinado tempo, com reavaliações periódicas.
Esse tipo de intervenção pode ser escolhido para dar cabo de tumores
mais localizados. Por exemplo: um câncer em estágio inicial nas mamas ou
na próstata. Com o bisturi, o médico extrai a área afetada pela doença.
O paciente é acompanhado meses depois a fim de comprovar que não
existem mais resquícios do problema. E talvez tome remédios para
destruir eventuais células malignas escondidas. Com o avanço
tecnológico, hoje tumores como os de próstata já são extirpados em
cirurgias guiadas por robôs.
Também é possível que a cirurgia entre em cena para reduzir os estragos de um tumor já espalhado pelo organismo.
Terapia-alvo
Em resumo, são uma espécie de míssil teleguiado. Em vez de atacar o
corpo todo, como a químio, esses remédios miram características únicas
do câncer, impedindo que ele se prolifere ou matando-o de fome, assim
por dizer.
Como se focam em alterações específicas, muitas vezes é necessário
checar, por meio de exames laboratoriais, se o tumor do paciente em
questão apresenta essas particularidades ou não. O desenvolvimento desse
arsenal terapêutico acelerou muito o que se chama de individualização
do tratamento oncológico.
Imunoterapia
A ideia é fazer com que o próprio sistema imune da pessoa seja capaz
de reconhecer e atacar o tumor. O tratamento é feito com moléculas que
instigam o nosso próprio sistema imunológico a reconhecer e atacar a
doença.
Nos últimos anos, ela tem ganhado cada vez mais importância na
oncologia. Hoje, já é usada contra cânceres de pele, rim, pulmão e por
aí vai.
Saúde é Vital- Por Goretti Tenorio e Chloé Pinheiro
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