sábado, 14 de abril de 2018

Clima tenso em Curitiba onde Lula está preso

Preso há exatamente uma semana, Lula desperta iras e paixões em Curitiba, onde cumpre pena

Especialistas ouvidos pelo Destak apontam a própria estratégia usada pelo PT como motivo da divisão política; petista cumpre pena pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro

Preso há uma semana, Lula desperta iras e paixões em Curitiba
Foto: Ricardo Stuckert/Fotos Públicas
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso há exatamente uma semana na sede da Polícia Federal de Curitiba, tem ao longo da semana despertado sentimentos cada vez mais presentes nos brasileiros quando o assunto é política: iras e paixões. Enquanto um lado de mobiliza contra a prisão do ex-presidente, outro defende a detenção, levando muitas vezes a climas exaltados que precisam até mesmo de intervenção policial.
Desde que chegou à sede da Polícia Federal em Curitiba, onde cumpre pena de 12 anos e um mês de reclusão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Lula tem reunido centenas de pessoas em torno do prédio principal, seja contra sua prisão ou favoráveis. Separados por um cordão feito pela polícia, os manifestantes lançam mão da provocação para deixar o clima ainda mais tenso na região.
Na última segunda-feira (9), um manifestante infiltrado na militância petista insultou Lula e a pré-candidata do PCdoB à Presidência da República, Manuela D’Ávila. Ele só não foi agredido porque se escondeu atrás do pelotão da polícia, que precisou agir para evitar um conflito maior. Outras cenas semelhantes foram registradas ao longo da semana. Não foram raras às vezes em que representantes do PT agrediram com palavras representantes da imprensa, por exemplo. Em um dos embates, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) teve de ser contido pela militância.
Para o doutor em História da Universidade de Brasília, Antônio José Barbosa, as mobilizações criadas em torno do ex-presidente são um reflexo do que o próprio Partido dos Trabalhadores (PT) criou ao longo dos últimos anos.
"Isso decorre de uma escolha feita pelo Lula e pelo PT no passado. Eles começaram essa terrível divisão contra eles e de certa maneira ele reviveu isso no discurso de despedida no ABC, quando ele deixou muito claro que quem era contra ele ou contra o que o PT significava era contra os pobres. Cada vez que se fala uma coisa dessas acirra o outro lado. O PT tem uma responsabilidade muito grande nesta radicalização do processo político brasileiro", avalia o especialista.
A opinião é corroborada pelo cientista político Paulo Kramer. Para ele, a própria atuação do PT resultou na divisão do país. "Eles foram capazes de dividir o país", afirma.
Polícia
A divisão entre apoiadores e contrários ao petista é tanta que a disputa chegou até a Polícia Federal. O delegado Algacir Mikalovski, que representa o sindicato dos Delegados de Polícia Federal no Paraná e que pediram que Lula foi transferido para uma prisão militar, não escondeu seu posicionamento contra o petista. No sábado passado, quando Lula chegou a Curitiba, o delegado estava na frente da sede da Polícia Federal no sábado (7) à noite, gritando 'o ladrão chegou'.
A Federação Nacional dos Policiais Federais se manifestou contra a transferência. Para o presidente da entidade, Luís Antônio Boudens, o pedido é político. "O propósito dessa remoção não é com a segurança dos policiais ou a sociedade do local. Tem cunho político", disse ele, que completou: "Esse delegado é candidato".  
O Destak - por Iara Lemos

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