Agência rebaixa nota do Brasil nesta sexta-feira e culpa reforma da Previdência
Jason Alden / Bloomberg |
A
agência de classificação de risco Fitch Ratings rebaixou nesta
sexta-feira a nota de crédito do Brasil de “BB” para “BB-” e alterou a
perspectiva de negativa para estável. Em relatório, a agência citou a
desistência de votação da reforma da Previdência como um dos principais
fatores para a medida. O rebaixamento pela Fitch ocorre pouco mais de um
mês de movimento semelhante pela Standard&Poor’s.
O Ministério
da Fazenda divulgou uma nota em resposta à reavaliação, em que destaca
que a dívida pública do país possui hoje uma composição saudável e
ressalta que o governo ainda está “comprometido em progredir com a
agenda de reformas macro e microeconômicas destinadas a garantir o
equilíbrio das contas públicas.
A Fitch afima que pesou sobre a
decisão o fato de a reforma ter sido adiada para depois das eleições e a
incerteza em relação ao próximo governo, que pode não dar continuidade
ao projeto reformista.
“O rebaixamento do Brasil reflete seus
grande e persistente e déficit fiscal, o crescente peso da dívida
pública e a falta de reformas que melhorem o desempenho estrutural das
finanças públicas”, escreveu a agência.
Após desistir da reforma
da Previdência, com a intervenção federal no Rio de Janeiro, o governo
anunciou em 19 de fevereiro nova pauta de prioridades com 15 itens, como
a privatização da Eletrobras e autonomia do BC.
“Apesar de várias
rodadas de negociações políticas e de uma diluição da proposta
(original) ao longo do tempo, a reforma da Previdência foi afastada por
enquanto, o que evidencia a fraqueza da classe política em responder com
medidas corretas e aumenta potencialmente os riscos fiscais para a
próxima administração”, diz a agência.
INCERTEZAS COM ELEIÇÕES
A
Fitch demonstra especial preocupação com as eleições. “O ciclo
eleitoral pode introduzir incertezas adicionais”, diz a agência,
acrescentando que a falta de apoio significativo a um candidato com
políticas mais amigáveis ao mercado, o panorama fragmentado da disputa
eleitoral, a baixa confiança da população nas instituições e as
investigações da Lava-Jato mostram que os riscos relacionados às
eleições não podem ser menosprezados.
“Apesar de a Fitch não
vislumbrar uma guinada em direção a mais intervencionismo e populismo
após as eleições, as incertezas políticas podem continuar, e o tipo e
ritmo de ajuste econômico e fiscal pode ser diferente de acordo com o
vencedor (das eleições) e de sua força com a base parlamentar. Um líder
político forte e com governabilidade será importante para dar
prosseguimento às reformas e aumentar a confiança, elevar o crescimento e
reduzir as incertezas de médio prazo em relação à sustentabilidade da
dívdia pública”.
O Globo
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