Surfistas têm mais chances de ter bactérias super-resistentes, aponta estudo
Foto: Free-Photos/Pixabay |
Poucos sabem disso, mas a prática do surfe pode expor atletas a bactérias difíceis de eliminar.
Um
estudo da Universidade de Exeter, no Reino Unido, aponta que os
surfistas têm três vezes mais possibilidade de carregar bactérias
super-resistentes a antibióticos que o resto da população.
Estudos
anteriores já haviam demonstrado que os praticantes do esporte engolem
dez vezes mais água que outras pessoas que nadam no mar habitualmente.
A
partir disso, os autores dessa nova pesquisa quiseram averiguar eles
eram mais vulneráveis às bactérias que contaminam as águas.
Super-resistentes
A
equipe de pesquisadores analisou as fezes de 143 surfistas e de 130
pessoas que nadam regularmente na costa do Reino Unido. O objetivo era
examinar se seus estômagos abrigavam a bactéria E.coli resistente a
cefotaxima, antibiótico muito usado clinicamente.
Os
resultados, publicados na revista científica Enviroment International,
revelaram que 9% dos surfistas tinham essa bactéria resistente, versus
3% dos demais nadadores que participaram do estudo. Isto significa que a
E. coli continuaria em seus estômagos mesmo se eles tomassem o
antibiótico mais usado para combatê-la.
A
coordenadora da pesquisa, Anne Leonard, acredita que como os surfistas
são “geralmente jovens, estão em forma e se sentem saudáveis, é pouco
provável que se preocupem com sua saúde”.
A
cientista acredita que as bactérias chegam até o mar sobretudo por meio
de resíduos de esgoto e de fazendas em épocas de chuva forte.
Uma
forma de evitar a ingestão dessas bactérias, recomenda ela, é que os
surfistas e nadadores permaneçam fora da água durante dois dias, mais ou
menos, de forma regular e que evitem entrar na água depois de uma chuva
forte.
Alerta global
Segundo
os pesquisadores, os riscos a que os surfistas estão expostos podem se
estender para grupos mais vulneráveis da população, como idosos e
crianças.
“(Os
surfistas) têm o potencial de transmitir essas bactérias, caso não
tenham uma boa higiene ou não lavem as mãos para preparar os alimentos”,
diz Leonard.
O
uso indevido desses medicamentos no ser humano e nos animais está
fazendo com que as bactérias fiquem cada vez mais resistentes, tornando
mais difícil tratar infecções como pneumonia, tuberculose, gonorreia e
salmonela.
“A
resistência a bactérias tem sido reconhecida como uma das maiores
ameaças do nosso tempo. E há agora uma grande atenção ao fato de como a
resistência pode se espalhar pelos ambientes naturais. Nós precisamos,
urgentemente, saber mais sobre como os seres humanos estão expostos a
essas bactérias e como elas colonizam nossos estômagos”, avalia a
coordenadora da pesquisa com surfistas.
Bem Estar
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