Líder de cartel mexicano é capturado pela Polícia Federal no Estado do Ceará
O traficante havia desembarcado em Fortaleza no último dia 21 e deve ser extraditado para os Estados Unidos
O líder de um cartel internacional procurado pelas Polícias dos Estados
Unidos da América (EUA) e do México foi preso, ontem, no Estado do
Ceará. O mexicano Jose Gonzalez Valencia, de 42 anos, um dos fundadores e
líderes do Cartel Jalisco Nueva Generación (CJNG), foi capturado por
agentes da Polícia Federal (PF) na entrada de um resort, localizado em
Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).
A prisão aconteceu em cumprimento de um mandado de prisão para fins de
extradição, expedido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF),
Celso de Mello. Conforme a PF, foi o governo dos EUA que pediu a
extradição do mexicano, desde o ano de 2015.
A informação que o traficante estava no Ceará veio da sede da PF, em
Brasília. Segundo o delegado Aldair da Rocha, da Delegacia de Repressão a
Entorpecentes (DRE), na noite da última quinta-feira (21), chegou a
informação que o traficante internacional havia entrado no Brasil por
São Paulo e já tinha conseguido embarcar para Fortaleza.
"Quando soubemos que estava em Fortaleza, ele já havia saído do
Aeroporto. Desembarcou com um casal de amigos. Na terça-feira (26),
chegou sua esposa e seis filhos. Foi como procurar uma agulha no
palheiro, porque têm muito turista no Estado nessa época. Olhamos as
imagens das câmeras do Aeroporto, placas de carros e começamos a chegar
perto do paradeiro dele", explica Aldair da Rocha.
A Polícia Federal descobriu que o mexicano havia alugado uma casa na
Praia da Taíba, em São Gonçalo do Amarante, onde pretendia ficar até o
próximo dia 3. Seguindo os passos do traficante, foi possível capturá-lo
em Aquiraz, quando ele chegava em um parque aquático com amigos e
familiares.
"Ele estacionou o carro nas imediações do parque aquático e efetuamos a
prisão. Não houve resistência. Não estava armado, nem com drogas, mas
estava com um documento falso no nome de Jafett Arias Becerra. Disse que
saiu do México com esse nome e tinha essa mesma identidade na Bolívia,
onde já morava há dois anos. A família dele não estava com documento
falso", pontuou o delegado.
Atuação
Segundo a PF, Jose Gonzalez Valencia tinha envolvimento com o tráfico
de drogas desde 1998. Junto com os irmãos, fundou um dos maiores carteis
do México, na cidade de Guadalajara. O preso era responsável pelo envio
de cocaína em grande escala para os EUA.
Aldair Rocha afirmou que, em 2015, o governo brasileiro teve
conhecimento da primeira entrada de Valencia no País. Apesar do mexicano
ter visitado o Brasil, pelo menos, três vezes, a PF afirma que não há
informações sobre ações do cartel liderado por ele aqui.
Conforme o delegado, o traficante costumava vir ao Brasil a passeio e
não mantinha amizades com ninguém daqui. Aldair da Rocha disse que a
prisão do traficante internacional no Estado é demonstração do trabalho
contínuo feito nos últimos dias.
"Dez agentes participaram dessas diligências, inclusive, durante o
feriado. Depois de preso, ele já foi encaminhado para exame de corpo de
delito e está sob nossa custódia. Estamos comunicando a prisão ao STF,
para que dê encaminhamento ao processo de extradição para os Estados
Unidos. Estamos analisando se faremos também um flagrante, devido o uso
de documento falso", disse Rocha.
Organização criminosa
O traficante Jose Valencia é conhecido no México pelos apelidos de
'Chepa', 'Camaraon' e 'Santy'. José é irmão de Abigael Gonzalez
Valencia, conhecido como 'Cuini' e tido como líder máximo do Cartel
Jalisco Nueva Generación (CJNG).
Historicamente, o México é conhecido por abrigar poderosos
narcotraficantes e ser um dos principais pontos de partida de
entorpecentes para outras partes do mundo. O cartel liderado por
Valencia era especializado no envio de drogas sintéticas para os EUA.
Valencia era conhecido como responsável pelo setor financeiro do CJNG. O
cartel é considerado um dos mais sanguinários do mundo. Foi criado no
ano de 2007, como um braço armado do Cartel de Sinaloa, mas em pouco
tempo se consolidou como uma das maiores e mais perigosas organizações
criminosas do México.
Diário do Nordeste - por Emanoela Campelo de Melo - Repórter
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