Ex deputado Eduardo Cunha reclama da falta de dinheiro: "Estou pobre na miséria"
O ex-presidente da Câmara é suspeito de integrar um esquema que desviou recursos do fundo de investimento FI-FGTS, controlado pela Caixa |
Em depoimento na 10ª Vara Federal de
Brasília, o ex-deputado Eduardo Cunha disse estar pobre, “em absoluta
situação de penúria”. O ex-presidente da Câmara dos Deputados garantiu
viver uma situação financeira delicada com o bloqueio dos seus
bens.”Neste momento estou sem renda”, reclamou.
O ex-parlamentar garantiu também “não se
lembrar” ter pedido dinheiro de campanha para Michel Temer, como acusou
Lúcio Funaro, em depoimento na semana passada. Na ocasião, o suposto
operador do esquema no PMDB asseverou que Cunha teria repassado R$ 1,5
milhão ao presidente da República. “Não me lembro”, disse.
Réu na ação penal decorrente da Operação
Sépsis, Cunha depõe nesta segunda-feira (6/11) na 10ª Vara Federal do
Distrito Federal. Ao juiz Vallisney de Souza Oliveira, Cunha se defende
das acusações de desvios de recursos do fundo de investimento FI-FGTS,
controlado pela Caixa Econômica Federal.
Vestindo terno azul marinho, gravata
esverdeada e calça e sapatos sociais, o ex-presidente da Câmara iniciou
sua defesa desmentindo versões apresentadas por Lúcio Funaro — apontado
como operador do esquema — em oitiva realizada em 27 de outubro. “Ele
mentiu”.
Cunha e Funaro foram colocados frente a
frente diante do juiz Vallisney. Enquanto o primeiro apresentava sua
tese de defesa, o segundo apenas observava ao lado do seu advogado.
Cunha negou ter recebido um Porche do acionista da Gol Linhas Aéreas,
Henrique Constantino em troca de apoio na liberação de valores do fundo
de investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) da
Caixa. A acusação está registrada no depoimento de Funaro. “Ele nunca me
deu carro de presente. Isso é história da carochinha”.
Na semana passada, Funaro chegou a
chamar o ex-presidente da JBS Joesley Batista de “ladrão” por não ter
pagado uma suposta propina de cerca de R$ 80 milhões a ele, Cunha e
Geddel, devido a operações no âmbito da compra da Alpargatas. Durante
seu depoimento, Cunha negou a informação.
Quero deixar claro que o senhor Joesley não me deve nada. Me deve a minha dignidade, que foi roubada com as suas mentiras“, diz Eduardo Cunha.
Ex-deputado se irrita
O ex-presidente da Câmara subiu o tom ao falar do envolvimento
do filho no escândalo. Exaltado, Cunha diz que ficou “muito chateado”
com a insinuação de Funaro ao contar ter pagado mesada de R$ 2 mil ao
filho do ex-deputado. “Nem eu pago mesada para o meu filho. Isso mostra
que não tem limite para as covardias dele, para as mentiras dele”,
rebateu Cunha.
Operação Sépsis
A investigação da Sépsis é um desdobramento da Operação Lava Jato. No
dia 26/10, no mesmo processo, foi a vez do ex-vice-presidente do banco
federal Fábio Cleto prestar depoimento. Cleto disse a Vallisney que
teria partido do ex-presidente da Câmara dos Deputados sua indicação à
vice-presidência da Caixa e acrescentou que Henrique Eduardo Alves
validou a escolha.
A informação foi corroborada por Lúcio Funaro em seu depoimento na semana passada. Cunha ainda disse que Funaro faltou com a verdade ao acusar o presidente Michel Temer do recebimento ilícito de R$ 1,5 milhão do esquema. “Lúcio Funaro nunca teve acesso a Temer”.
A informação foi corroborada por Lúcio Funaro em seu depoimento na semana passada. Cunha ainda disse que Funaro faltou com a verdade ao acusar o presidente Michel Temer do recebimento ilícito de R$ 1,5 milhão do esquema. “Lúcio Funaro nunca teve acesso a Temer”.
Preso há mais de um ano e respondendo
pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e violação de sigilo
funcional, Cunha cumpre pena em Curitiba (PR), mas está em Brasília
desde setembro para participar das oitivas na 10ª Vara. Na capital,
permanece detido em uma cela da Delegacia de Polícia Especializada
(DPE), no Parque da Cidade.
Fonte: Metropoles
Nenhum comentário:
Postar um comentário