Partidos políticos irão enfrentar dilema moral, diz Fernando Henrique Cardoso
Sem
debater a “guerra interna” no PSDB, o presidente Fernando Henrique
Cardoso afirmou na noite desta terça-feira, em um debate em Nova York,
que o país vive um crise de credibilidade que dificulta a vida dos
candidatos em 2018. Dizendo que ainda não há lideranças nacional claras
para ter grande base no próximo ano, ele afirmou que a falta de
confiança nos políticos e a força da extrema-direita são novidades que
podem levar a líderes populistas.
– Há uma fragmentação tremenda
na sociedade, uma incerteza e um descrédito – disse FH no debate
promovido pelo Lemann Center for Brazilian Estudies da Columbia Global
Center, da Universidade de Columbia, em Nova York, intitulado “O que
acontece após 2018?”. – E, 2013 as pessoas iam para as ruas contra a
presidente e hoje não há esta demonstração, as pessoas não estão nas
ruas porque não acreditam mais.
Questionado após o evento pelos
jornalistas como o seu partido, o PSDB – com casos de denúncias de
corrupção que envolvem o presidente licenciado da sigla, o senador Aécio
Neves – vai enfrentar este dilema do descrédito da sociedade, o
ex-presidente desconversou:
– Como todos os outros partidos, como
todos os outros partidos, não há diferença nisso aí. Há uns piores que
os outros, o meu é o melhorzinho até – disse ele, que não respondeu
sobre as brigas do partido, que está dividido entre se manter ou não no
governo de Michel Temer e na disputa pelas eleições internas da legenda,
que serão realizadas no início de dezembro.
RISCO DE POPULISMO
FH
afirmou para o risco do populismo no Brasil, lembrando que este
fenômeno global pode chegar ao país. E, em um ambiente de “fake news”
(notícias falsas) e uso massivo de redes sociais, há mais espaço para
líderes populistas, que se alimenta de uma novidade desta eleição: a
força da extrema-direita no Brasil. Isso favorece os populistas, que ele
classificou como candidatos bizarros.
– A mídia dá mais espaço
para os que são bizarros. Precisamos de alguém que não seja bizarro, que
seja capaz e que fale com as pessoas – afirmou, após ser questionado
por um aluno sobre Jair Bolsonaro. – Falta um líder capaz de ter ideias e
também emoções, que fale com sinceridade. Vamos ver as oportunidades.
Tento ser realista. Vamos ver quem são eles, pessoas capazes de terem
apoio dos partidos e da sociedade.
Ele, que nesta semana nos
Estados Unidos já foi homenageado na noite de segunda-feira em
Washington e dará uma palestra na quinta-feira na Universidade de Brown,
disse que há diversos bons líderes no país, mas que o momento eleitoral
ainda não está claro. Sem querer revelar o candidato de sua
preferência, FH afirmou que o país precisa de um líder que fale com
credibilidade, que tenha estratégia e emoção.
Comparando a
situação do Brasil com a crise na Quarta República na França, FHC
afirmou que o país precisa de alguém como de Gaulle, um herói nacional
que uniu a França, mas afirmou que o Brasil não conta hoje com ninguém
com este perfil. O ex-presidente voltou a criticar o sistema político
fragmentado brasileiro, dizendo que o partido com maior representação na
Câmara dos Deputados tem 58 cadeiras de um total de 513, afirmando que
isso favorece a “barganha política”.
O Globo
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