Projeto arrojado: Emirados Árabes planejam construir cidade em Marte
País ambiciona enviar sua primeira espaçonave não tripulada a Marte, um pequeno orbitador de 1.500 kg, em 2020
© Pixabay
Dubai,
cidade já conhecida por obras arquitetônicas que transbordam
ostentação, como o maior shopping e o prédio mais alto do mundo, está
prestes a ganhar sua mais inusitada construção: o protótipo de uma
cidade marciana.
O projeto faz parte do
plano arrojado dos Emirados Árabes Unidos (EAU) de fundar uma cidade
inteira no planeta vermelho em um século. O país ambiciona enviar sua
primeira espaçonave não tripulada a Marte, um pequeno orbitador de 1.500
kg, em 2020.
"Esperamos
no século vindouro desenvolver ciência, tecnologia e a paixão da nossa
juventude pelo conhecimento", disse, via Twitter, o sheik Mohammed bin
Rashid al Maktoum, vice-presidente e primeiro-ministro dos EAU, ao
anunciar a iniciativa Mars 2117.
Em Dubai, o protótipo, batizado
de Mars Science City (Cidade da Ciência de Marte), será um centro de
educação, pesquisa e divulgação da exploração espacial, orçado em US$
140 milhões.
Para desenvolver o projeto, os árabes contrataram a
empresa de arquitetura dinamarquesa BIG, liderada por Bjarke Ingels. A
construção, que consiste de cinco domos interligados ocupando uma área
de 56,8 mil m2, será realizada ao longo dos próximos anos –ainda não há
cronograma oficialmente definido.
"Um dos desafios da Mars Science
City é desenvolver a tecnologia para formar um complexo urbano com as
conformações que possibilitam sustentar a vida em Marte", disse Ingels.
"Estamos
estudando como os prédios podem operar por si mesmos com uma rede
elétrica independente e água reciclável, como precisaria ser no planeta
vermelho. O plano é criar uma cidade com a maior eficiência de recursos
possível e uma economia circular: fazer o máximo com o mínimo."
Todas
as estruturas pensadas para a cidade marciana em Dubai têm em vista os
desafios que o planeta vermelho oferece. Um dos mais complicados para
uma moradia permanente em Marte é a maior exposição à radiação cósmica
(o planeta não tem um campo magnético, de forma que a chuva de
partículas ameaçadoras à saúde vindas do espaço é bem maior que na
Terra) e o risco de impactos de meteoritos, já que a atmosfera lá é
menos densa que a da Terra e oferece menor proteção.
O interior
das estruturas, claro, terá de ser pressurizado com uma atmosfera
suficiente para a respiração humana, e isso naturalmente conduz ao uso
de domos -forma que distribui de forma mais efetiva a pressão exercida
pelo ar do lado de dentro.
"Estamos trabalhamos com domos como a
geometria ideal para estruturas acima do solo, e eles devem ser
impressos em 3D com regolito -a poeira marciana- por meios robóticos",
explica Ingels. "Após a impressão, um domo inflável feito de plástico
reciclável, ultraleve e transparente seria adicionado para pressurizar
as estruturas. Juntos, esses elementos formam um ambiente habitável e
protegido da radiação e de meteoros."
ESCALÁVEL
O projeto
foi concebido para ir crescendo conforme a demanda -algo pouco
importante para a Mars Science City, mas fundamental para uma cidade
marciana de verdade.
Segundo o arquiteto dinamarquês, as
estruturas a serem construídas em Dubai terão capacidade para abrigar
mil pessoas, se estivessem em Marte. "Mas os EAU querem, em 2117,
começar a construir uma cidade inteira para 600 mil pessoas em Marte",
diz.
Para isso, a ideia é ampliar o número de domos a fim de
abrigar mais e mais habitantes. Claro, seja qual for a escala, há uma
grande distância -medida em dezenas de milhões de quilômetros- entre
construir uma cidade marciana em Dubai e uma em Marte. Mas Ingels
acredita que vai acontecer.
"Parece impensável agora, mas quando
europeus começaram a colonizar a Austrália, levava seis meses para
chegar lá. E a jornada para Marte não é muito mais longa, e não é muito
mais perigosa do que era ir à Austrália naquela época."
Ele vê o projeto como uma grande
oportunidade para também melhorar a vida aqui mesmo na Terra. "As mesmas
tecnologias e princípios que aplicaremos em Marte nos permitirão ser
melhores guardiões do ecossistema do qual nos beneficiamos hoje."
Notícias ao Minuto com
informações da Folhapress.
Nenhum comentário:
Postar um comentário