Joesley e Wesley Batista sabiam de impacto no mercado, conclui Polícia Federal
A Operação Tendão de Aquiles e seus desdobramentos apontam que os irmãos da JBS fizeram uso das informações de delação para auferir lucros milionários
Joesley e Wesley: o relatório final do inquérito foi encaminhado ao Ministério Público Federal - (Claudio Belli/AG. O Globo) |
São Paulo – A Polícia Federal
encerrou a Operação Acerto de Contas, desdobramento da Tendão de
Aquiles, que investigou o uso de informações privilegiadas e manipulação
de mercado pelas empresas JBS e FB Participações em transações do
mercado financeiro. O relatório final do inquérito foi encaminhado ao
Ministério Público Federal.
Joesley e Wesley mergulharam
o governo Michel Temer na grande crise política. Com base na delação
premiada dos irmãos Batista, a Procuradoria-Geral da República abriu
investigação contra o presidente e o denunciou por corrupção passiva –
acusação barrada pela Câmara.
A Operação Tendão de Aquiles e seus desdobramentos apontam
que os irmãos da JBS fizeram uso das informações de sua própria delação
para auferir lucros milionários no mercado financeiro e também por meio
de operações no mercado da moeda americana.
A PF ilustrou o relatório final da investigação com uma
“linha do tempo”, na qual destaca o Termo de Confidencialidade subscrito
pelos irmãos Batista e a Procuradoria. A PF afirma que o indicativo
essencial do uso de informação privilegiada pelos irmãos Batista é o
Termo.
Para a PF, com a assinatura do compromisso, os irmãos
tiveram a certeza de que aquele documento “era impactante” e a
informação poderia ser utilizada no mercado.
Os investigadores observam que os irmãos da JBS detinham informações relevantes que iam impactar o mercado.
Joesley e Wesley, controladores do grupo J&F, do qual a
JBS é a principal empresa, foram indiciados em 20 de setembro. Eles
estão presos a pedido da Polícia Federal desde 13 de setembro, quando
foi deflagrada a segunda etapa da Tendão de Aquiles.
O primeiro foi indiciado pela suposta autoria dos crimes de
manipulação de mercado e uso indevido de informação privilegiada,
previstos na Lei 6.385/76, com abuso de poder de controle e
administração, em razão do evento de venda de ações da JBS S/A pela FB
Participações, controladora desta última.
Wesley foi indiciado como autor do crime de manipulação de
mercado e “como partícipe no crime de uso indevido de informação
privilegiada praticado por Joesley com abuso de poder de controle e
administração, em relação aos eventos relativos à venda e compra de
ações da JBS S/A”.
Wesley também foi indiciado como autor no crime de uso
indevido de informação privilegiada, com abuso de poder de controle e
administração, em relação aos eventos relativos à compra de contratos
futuros e contratos a termo de dólares.
As investigações tiveram início quando as transações foram
noticiadas. Em atuação conjunta com a Comissão de Valores Mobiliários, a
PF aponta existência de “provas robustas” de que a determinação das
operações financeiras partiu dos irmãos Batista.
Outro lado
O advogado Pierpaolo Bottini, que defende os irmãos Batista,
disse que ainda não teve acesso ao relatório final da Operação Acerto
de Contas.
Por Julia Affonso e Luiz Vassallo, do Estadão Conteúdo
Por Julia Affonso e Luiz Vassallo, do Estadão Conteúdo
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