Diretor-geral da Polícia Federal é um dos mais longevos no cargo, resistindo a sete ministros da Justiça
O sucesso da Operação Lava Jato, que ele comanda, é o principal fator da permanência no posto
BASTIDORES Leandro Daiello já mostrou que é hábil articulador - (Crédito: Sergio Lima/Folhapress) |
Fontes ouvidas por ISTOÉ concordam que a principal razão para a
longevidade de Daiello é o sucesso da Lava Jato. Hoje, em razão da
operação, a Polícia Federal é uma das instituições de maior
credibilidade junto à população. Qualquer mudança no comando da PF pode
ser interpretada como uma interferência nas investigações, significando
forte desgaste para o governo. “O custo político de trocar o
diretor-geral é muito alto”, avalia Carlos Eduardo Sobral, presidente da
Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal.
Outras fontes atribuem a sobrevida, que já superou inclusive o longo
período em que Romeu Tuma permaneceu à frente da PF, ao próprio Daiello.
Ele teve o mérito de não ceder às pressões políticas para interferir na
Lava Jato. A equipe de Curitiba, por exemplo, trabalha com plena
autonomia. Figuras de peso da cena nacional têm sido investigadas sem
restrições.
Leandro Daiello assumiu a direção-geral em janeiro de 2011, a convite
do então ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Pouco antes do
impeachment de Dilma Rousseff, o ministro era Eugênio Aragão, que até
cogitou sua troca, mas não colocou a iniciativa em prática.
Em 2016, também se especulou que Daiello sairia após a Olimpíada do
Rio de Janeiro. Mas o estupendo sucesso do plano de segurança
desenvolvido por ele para o evento jogou a seu favor. Veio, então, a
nomeação do ministro Torquato Jardim em maio. O atual ministro da
Justiça falou abertamente, mais de uma vez, que pensava em trocar o
diretor-geral da PF. Somente em setembro Jardim bateu o martelo: de
novo, Daiello manteve-se intacto.
“O custo político de trocar o diretor-geral é muito alto”
Carlos Eduardo Sobral, presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal
Entre os apoiadores de Daiello, no entanto, estão importantes
delegados da Lava Jato no Paraná. Quando a força-tarefa da operação foi
encerrada em Curitiba, em julho, os delegados eximiram Daiello de
qualquer responsabilidade. Disseram que a decisão partiu do
superintendente Rosalvo Ferreira Franco, e do coordenador da Lava Jato,
Igor Romário de Paula.
Segundo eles, como a demanda de trabalho diminuiu consideravelmente,
não havia mais necessidade de manter agentes exclusivos na Lava Jato.
Eles foram incorporados à Delecor, a Delegacia de Combate à Corrupção e
Desvio de Verbas Públicas. Mas, como em qualquer gestão, nem tudo são
flores. A administração de Daiello é criticada por alguns agentes,
escrivães, papiloscopistas e servidores administrativos que acusam o
diretor-geral de ter engavetado a proposta de reestruturação salarial.
Discreto, Daiello também já teve atritos com alguns delegados. Apesar
das (poucas) intempéries, Daiello resiste a tudo e a todos e segue em
frente em céu de brigadeiro.
Istoé - Tábata Viapiana
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