sábado, 7 de outubro de 2017

Negócios obscuros de Temer

Michel Temer comprou dois terrenos um dia depois de suposto repasse da JBS

O Planalto afirma que a transação dos imóveis foi legal e que há compatibilidade entre a renda de Temer e sua evolução patrimonial

Um terreno custou R$ 380 mil e o outro R$ 334 mil. Não há na escritura registro de qual foi a forma de pagamento - (Foto: Reprodução)


O presidente da República, Michel Temer, comprou dois terrenos em um condomínio de luxo em Itu (SP) em 2014 um dia depois de ter recebido um suposto repasse de recursos da JBS. O Planalto afirma que a transação dos imóveis foi legal e que há compatibilidade entre a renda de Temer e sua evolução patrimonial. A informação sobre a compra foi revelada pelo site do jornal "El País".
De acordo com a delação dos executivos da JBS, no dia 2 de setembro daquele ano foi entregue R$ 1 milhão ao coronel da Polícia Militar (PM) João Batista Lima Filho, amigo do presidente e apontado como operador de pagamentos que tinham Temer como destinatário.
No dia seguinte, uma empresa que pertence a Temer, a Tabapuã Investimentos e Participações, comprou dois terrenos no condomínio Terras de São José II, na cidade de Itu (SP). Um terreno custou R$ 380 mil e o outro R$ 334 mil. Não há na escritura registro de qual foi a forma de pagamento.
Há registro de que Temer deu uma procuração em dezembro de 2013, com validade de três anos, para que o advogado José Yunes controlasse e movimentasse as contas da empresa Tabapuã. Yunes é amigo de Temer e foi assessor especial da Presidência, tendo deixado essa função após aparecer na delação da Odebrecht.
Em depoimento, Yunes disse ter recebido um “pacote” do doleiro Lúcio Funaro a pedido do ministro Eliseu Padilha (Casa Civil). Em sua delação premiada, Funaro diz ter ido buscar dinheiro no escritório do advogado e não entregar.
O El País destaca ainda o patrimônio imobiliário de Temer e ressalta que somente com o aluguel de um andar que possui em um prédio nobre na Avenida Faria Lima o presidente arrecada cerca de R$ 1 milhão por ano.
Em nota enviada ao GLOBO, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República afirma que a própria reportagem constata uma renda de aluguel que já seria suficiente para a aquisição dos terrenos. Ressalta ainda que a compra foi legal e que a renda de Temer é compatível com sua evolução patrimonial.
“A reportagem do El País já aponta a renda de aluguel anual mais do que suficiente para o presidente Michel Temer adquirir os imóveis. É, portanto, auto-esclarecedora, além de demonstrar a compatibilidade da evolução patrimonial. Transações registradas em cartório, declaradas no imposto de renda são lícitas, não restando nenhuma dúvida sobre a legalidade da compra dos terrenos pelo presidente”, diz a nota.
O Globo

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