Irmãos Joesley e Wesley Batista lucraram R$ 238 milhões com delação premiada
(Foto: Zanone Fraissat/Folhapress) |
O
Ministério Público Federal em São Paulo (MPF-SP) acusa os irmãos
Joesley e Wesley Batista, empresários do grupo J&F, de terem lucrado
R$ 238 milhões ao comprar e vender ações das próprias empresas, além de
dólares, enquanto negociavam um acordo de delação premiada com a
Procuradoria-Geral da República (PGR).
Eles foram denunciados na
terça-feira (10) pelo órgão pelos crimes de uso indevido de informação
privilegiada e manipulação do mercado, uma vez que realizaram as
transações sabendo que a gravidade dos fatos apontados na delação
poderiam abalar o mercado financeiro.
“Fazendo uso dessas
informações, os irmãos Batista fizeram movimentações atípicas no mercado
financeiro, atestadas pela Comissão de Valores Imobiliários [CVM] e por
perícia da Polícia Federal”, explicou a procuradora Thaméa Danelon. Do
valor lucrado, R$ 100 milhões foram adquiridos com a compra de dólares. A
outra parte foi obtida por meio da compra e recompra de ações da JBS.
“Neste caso não houve lucro, mas eles deixaram de perder”, apontou a
procuradora.
Wesley pode pegar até 18 anos de prisão e Joesley até
13 anos. Além disso, os irmãos podem ter que pagar multa de até três
vezes o valor lucrado.
O procurador Thiago Lacerda destaca que a
denúncia se sustenta porque há um “contexto probatório”. “Primeiro que
eles não negam que deram a ordem [para a compra e venda das ações e dos
dólares]. Segundo que a CVM já havia detectado movimentação estranha com
a queda da bolsa, foi a maior desde 2008 e a valorização de dólar, em
um dia, foi a maior desde 2009. São fatos que, somados a uma
movimentação atípica, mesmo para dentro dos quadros da empresa, fica
muito claro, inclusive apontado por laudos periciais, de que são
responsáveis sim”, apontou.
Segundo a denúncia do MPF, as
operações ilegais de venda e compra de ações ocorreram entre 31 de março
e 17 de maio. A conversa com o presidente Michel Temer foi gravada por
Joesley no dia 7 de março e no dia 28 do mesmo mês os denunciados
assinaram termo de confidencialidade com a PGR.
No dia 3 de maio, o
acordo de delação premiada foi assinado e posteriormente homologado no
dia 11 pelo Supremo Tribunal Federal (STF). No dia 17, véspera do fim do
sigilo do acordo pelo STF, as informações foram vazadas para a
imprensa.
Em nota, a defesa de Joesley e Wesley Batista reafirmou a
regularidade das operações de derivativos cambiais e mercado
mobiliário. Os advogados citam pareceres, documentos e relatos prestados
às autoridades que comprovariam a legalidade das operações.
“Tais
operações fazem parte da rotina da empresa, excluindo a hipótese de
excepcionalidade. Os executivos confiam na Justiça e continuam à
disposição para reforçar todos os esclarecimentos já apresentados.”
Agência Brasil
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