Raquel Dodge aponta Geddel Vieira Lima como líder de organização criminosa
Manifestação da procuradora-geral se dá no bojo de um pedido de liberdade da defesa do ex-ministro
© Ueslei Marcelino / Reuters
A
procuradora-geral da República, Raquel Dodge, afirmou em manifestação
ao STF (Supremo Tribunal Federal) que o ex-ministro Geddel Vieira Lima
(PMDB) "fez muito em pouco tempo" e o apontou como "líder de organização
criminosa".
A frase de Dodge sobre a
atuação do peemedebista faz referência às suspeitas que lhe são
imputadas, de embaraço a investigações e de ocultação de R$ 51 milhões.
A
manifestação da procuradora-geral se dá no bojo de um pedido de
liberdade da defesa do ex-ministro. Ela rejeita os argumentos dos
advogados e pede a manutenção da prisão. O documento é do dia 16 de
outubro.
"Em
um primeiro momento, Geddel violou a ordem pública e pôs em risco a
aplicação da lei ao embaraçar investigação de crimes praticados por
organização criminosa. Num segundo momento, passados nem dois meses do
primeiro, reiterou a prática ao ocultar mais de R$ 50 milhões de origem
criminosa. Fez muito em pouco tempo", disse.
Geddel foi preso pela
segunda vez no dia 8 de setembro na operação Tesouro Perdido, quando
cumpria prisão domiciliar. A Polícia Federal encontrou um bunker com
malas e caixas de dinheiro - somados R$ 51 milhões - e identificou ao
menos três digitais do político.
INVESTIGAÇÕES
Segundo
Dodge, o valor "monumental" descoberto no apartamento é apenas "uma
fração de um todo ainda maior e de paradeiro ainda desconhecido".
"Mesmo
em crimes de colarinho branco, são cabíveis medidas cautelares penais
com a finalidade de acautelar o meio social, notadamente porque a
posição assumida por Geddel parece ter sido a de líder da organização
criminosa", escreveu. "A elevada influência desta organização criminosa
evidencia-se, aos olhos da nação, em seu poder financeiro: ocultou
cinquenta e dois milhões de reais em um apartamento de terceiro, sem
qualquer aparato de segurança, em malas que facilitaram seu transporte
dissimulado".
Na manifestação, Dodge fez referência às
investigações da Cui Bono, que tem como tema desvios e fraudes na Caixa
Econômica, banco que Geddel foi vice-presidente durante os anos de 2011 e
2013, sustentando que a liberdade do ex-ministro pode atrapalhar o
andamento da apuração.
"Realço que é investigada uma poderosa
organização criminosa que teria se infiltrado nos altos escalões da
Administração Pública, e que seria integrada, segundo indícios já
coligidos, por um ex-Ministro de Estado e o ex-Presidente da Câmara dos
Deputados".
"Deve ser lembrado a este juízo,
que se usufruir de prisão domiciliar, Geddel poderá manter contatos,
receber visitas, dar ordens e orientações que podem frustrar os
objetivos das medidas cautelares nesta investigação. Como referido
acima, ele deu provas materiais de que atuará de toda forma para que
esta persecução criminal não tenha o mesmo êxito que teria se estivesse
preso". Notícias ao Minuto com informações da Folhapress
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