Governo promete cargos aos deputados do centrão antes da decisão sobre denúncia
Palácio começou a destravar indicações dessas siglas que estavam represadas devido à demora no processo de análise dos nomes
Palácio do Planalto |
O
governo Michel Temer vai liberar dezenas de cargos para deputados de
partidos como PP, PR, PTB e PRB para conter ameaças de rebelião às
vésperas da votação da segunda denúncia contra o presidente no plenário
na Câmara.
O Palácio do Planalto começou a destravar indicações dessas siglas
que estavam represadas devido à demora no processo de análise dos nomes
escolhidos para esses postos. O atraso nas nomeações provocava mal-estar
entre o governo e esses partidos, especialmente depois que eles
ajudaram a barrar a primeira denúncia contra o presidente, em agosto.
Líderes dessas siglas —que integram o chamado centrão— levaram ao
Planalto, nas últimas semanas, ameaças de deserção em suas bancadas na
votação que deve ocorrer na próxima semana. Para evitar riscos e conter a
rebelião, o governo prometeu liberar a maior parte dos cargos até lá.
Algumas nomeações já foram publicadas em portarias internas de cada
instituição. Outras devem ser encaminhadas nos próximos dias. Deputados
serão contemplados com postos regionais em órgãos como Banco do Nordeste
e Ibama, entre outros.
Os caciques das siglas do centrão procuraram o ministro Eliseu
Padilha (Casa Civil) para traçar o mapa de nomeações travadas e
obtiveram do auxiliar de Temer a promessa de liberação.
PróximaO Planalto conseguiu, por exemplo, aplacar a insatisfação de
deputados do PP da Bahia que reclamavam da demora na nomeação de seus
indicados.
Três líderes partidários disseram à Folha, em caráter reservado, que o
movimento do governo saciou os deputados e reduziu o risco para Temer
na votação da segunda denúncia. Eles consideram que as deserções em suas
bancadas devem ser pontuais.
Em agosto, a Câmara barrou a denúncia por corrupção passiva contra Temer por 263 votos a 227.
O destravamento das nomeações diminuiu também a pressão desses
partidos pela demissão do articulador político do Planalto, Antonio
Imbassahy (Secretaria de Governo). A insatisfação das siglas com o
ministro continua, mas o centrão acredita ter aberto um canal para
despachar suas demandas também com o chefe da Casa Civil.
REFIS
Com o objetivo de conter o mal-estar com a base aliada, o Planalto
também prometeu incluir os líderes partidários nas negociações sobre
os vetos que serão aplicados à proposta do programa de refinanciamento
de dívidas tributárias do governo, o Refis.
O governo deve vetar parte das alterações feitas no texto pelo
Congresso, mas enfrenta pressão dos congressistas para manter a maior
parte dos benefícios incluídos por eles na medida provisória que criou o
programa.
O presidente prometeu discutir pessoalmente com a Câmara os trechos
que devem ser vetados. O Ministério da Fazenda recomendou que pelo menos
seis trechos sejam retirados do texto.
Governistas querem concluir as discussões sobre o assunto nesta
semana. Eles acreditam que podem oferecer apoio a Temer na votação em
troca de uma postura mais benevolente do Planalto.
Folha de S. Paulo
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