Ministro Vital do Rego Filho teria passado fim de semana às custas da JBS
Na
edição nº 2553, a revista Veja trouxe uma matéria alegando que o
ministro paraibano do Tribunal de Contas da União, Vital do Rêgo, junto
com o ministro Bruno Dantas, teriam passado o fim de semana numa ilha à
custa da JBS.
Leia matéria na íntegra:
“No iate e na mansão
Em
meados do ano passado, a Lava-Jato já havia deflagrado três dezenas de
operações. As empresas do grupo J&F, dos irmãos Joesley e Wesley
Batista, ainda não haviam caído na teia, mas já eram alvo de
investigações que apuravam suspeitas de pagamento de propina para obter
financiamentos no BNDES e na Caixa Econômica Federal.
Na época,
longe de Brasília, no píer de uma mansão em Mangaratiba, no Rio de
Janeiro, uma pequena lancha aportou para apanhar um grupo que havia
chegado para um fim de semana de lazer. Todos a bordo, a embarcação
rumou mar adentro, até encontrar o iate Why Not. Para os ministros Vital
do Rêgo e Bruno Dantas, ambos do Tribunal de Contas da União (TCU), era
o começo de um animado dia de mordomias, com boa comida, champanhe e
vinho da melhor qualidade, tudo diante de uma paisagem deslumbrante.
Joesley
Batista já confessou ter habilidades especiais para corromper. Quando
não pagava propina para atingir seus objetivos, usava outras artimanhas
para capturar a simpatia de figuras importantes do poder. Não foi por
outra razão que o empresário convidou os ministros para o passeio no
sábado 11 de junho de 2016, quando o TCU já analisava os empréstimos
suspeitos dos Batista.
Combinar o encontro com Bruno Dantas e
Vital do Rêgo foi relativamente fácil. O empresário ficara sabendo que
os dois estavam no Rio, onde haviam participado, na véspera, de um
seminário. O convite foi feito — e aceito.
No iate de 10 milhões
de dólares, o grupo foi recebido pelo próprio Joesley. Antes de eles se
reunirem em torno de uma mesa de queijos, o dono da JBS, hoje preso,
apresentou a embarcação, de 30 metros de comprimento, três andares,
quatro quartos (incluindo uma suíte de 20 metros quadrados), cozinha,
sala de estar e um amplo deque com jacuzzi. Em pouco mais de uma hora, o
Why Not chegou à casa de Joesley em Angra dos Reis, um château al mare
construído em uma ilha, que o empresário comprara do apresentador
Luciano Huck.
A festa prosseguiu até o fim da noite. Só acabou depois de um jantar com camarões, lagostas e, claro, carnes especiais.
Só
por financiamentos e aportes suspeitos do BNDES que somam mais de 10
bilhões de reais, a J&F e sócios são alvo de quatro processos no
TCU. As ações apuram o tamanho do prejuízo, o nome dos responsáveis e,
demonstradas as irregularidades, tentarão recuperar o dinheiro. Em
apenas uma das transações, o TCU já identificou um prejuízo de mais de
300 milhões de reais aos cofres públicos.
Procurado por VEJA,
Dantas — cujo nome já havia aparecido nos documentos da delação da JBS
por ter voado em um jatinho da companhia entre o Recife e Brasília —
negou que o encontro tenha servido para tentar cooptá-lo. Ele ressalta
que, ainda no ano passado, chegou a votar a favor do prosseguimento de
uma investigação sobre a companhia.
O ministro Vital do Rêgo —
citado na delação por ter recebido 8 milhões de reais das empresas de
Joesley Batista durante sua campanha ao governo da Paraíba, em 2014 —
não quis falar com VEJA. Na quarta-feira 18, ele participou, no plenário
do tribunal, de uma sessão que aprovou a abertura de mais uma
investigação sobre os empréstimos concedidos pelo BNDES às empresas dos
Batista. Sentado ao lado do relator, acompanhou com atenção a leitura
dos detalhes do caso, mas não se pronunciou. Dantas, seu colega, não
estava presente — ficará afastado do tribunal até o fim do ano, para
participar de um curso no grão-ducado de Luxemburgo.
Em tempo,
aquele seminário no Rio que antecedeu o passeio em Angra foi promovido
pelo IDP, instituto do ministro Gilmar Mendes, do STF. O tema do
seminário era o seguinte: mecanismos de defesa do interesse público.”
MaisPB
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