Venezuelanos vão às urnas neste domingo para escolha de governadores em 23 estados
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| (Foto: AFP) |
Após
cinco meses de protestos, que deixaram um saldo de pelo menos 120
mortos e um país dividido, a oposição e o governo da Venezuela voltam a
se enfrentar neste domingo (15), desta vez nas urnas.
Dezoito
milhões de eleitores foram convocados para escolher governadores em 23
estados, em meio a uma grave crise econômica e social e denúncias de
fraude.
Os partidos de oposição, que compõem a frente Mesa de
Unidade Democrática (MUD), têm acusado o governo de lançar mão de
qualquer artifício para garantir a própria vitória, mesmo quando as
pesquisas de opinião indicam que o presidente Nicolás Maduro tem índice
de rejeição em torno de 85%.
Como exemplo, a oposição cita seus
líderes, que foram presos ou impedidos de se candidatar, e até a
transferência, de última hora, de centros de votação.
Segundo o
governo, a mudança, que afeta mais de 700 mil eleitores, foi necessária
por motivos de segurança. Mas o governador de Miranda, Enrique Capriles,
que se opõe a Maduro, afirma que foi uma manobra para confundir o
eleitor nos lugares onde a oposição é forte – como o estado dele.
“É
normal que, faltando 48 horas para a votação, 224 mil eleitores de
Miranda sejam transferidos de um centro a outro? ”, perguntou Capriles.
Apesar
de temer que haja manipulação e fraude, a MUD decidiu participar do
pleito, apostando em uma vitória como a de 2015, quando elegeu a maioria
parlamentar pela primeira vez em 18 anos de governos chavistas. Ha três
anos, a Venezuela já sentia os efeitos da crise, agravada pela queda no
preço do petróleo, principal produto de exportação do país.
Sem
recursos suficientes para importar remédios, alimentos e produtos de
primeira necessidade, o país enfrenta hoje desabastecimento, inflação
anual superior a 600%, em 2017, e queda de 12% Produto Interno Bruto
(PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos no país).
Maduro
foi incapaz de solucionar tais problemas, inexistentes no período de
fartura petroleira do governo de seu padrinho político, Hugo Chávez
(1999-2013). Mesmo assim, Maduro está decidido a concluir o mandato, em
2018, e disputar a reeleição, ou tentar fazer o sucessor.
Atualmente,
o governo federal controla 20 dos 23 estados. Para a oposição, o
descontentamento dos venezuelanos com a crise vai se refletir nas urnas,
desde que consiga convencer pelo menos 60% do eleitorado a votar. Neste
caso, a expectativa dos opositores e eleger entre 15 e 18 governadores.
Mesmo
que o resultado seja favorável à oposição, não há garantia de que a
situação na Venezuela mude. O Congresso, de maioria opositora, nunca
pode legislar. Suas decisões foram anuladas pela Suprema Corte, até a
posse, em agosto, da Assembleia Nacional Constituinte, que assumiu os
poderes legislativos. E os constituintes são todos governistas, até
porque a oposição não participou das eleições, por considerá-las
fraudulentas.
O vice-presidente do Partido Socialista Unido da
Venezuela (PSUV), Diosdado Cabello, um dos homens fortes do governo, já
afirmou que os governadores eleitos domingo (15) só poderão assumir,
depois de aprovados pela Assembleia Nacional Constituinte. Na campanha,
Maduro pediu aos venezuelanos que votem pela continuação da “revolução
boliviariana”, iniciada por Chávez e contra a ingerência externa.
Os
Estados Unidos, a União Europeia, o Brasil e outros países da região
têm condenado Maduro por considerar que ele avançou sobre o Judiciário e
o Legislativo e que, na Venezuela, hoje, não existem mais poderes
independentes.
Agência Brasil

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