Assembleia Legislativa da Paraíba alerta para prevenção ao suicídio
A
Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) realizou, nesta quinta-feira
(28), Sessão Especial para alertar a população sobre o suicídio,
referente à Campanha Setembro Amarelo. A Sessão foi proposta pelo
presidente da Casa, deputado Gervásio Maia, em conjunto com os deputados
Artur Cunha Lima e Raniery Paulino.
De acordo com Gervásio, os
crescentes registros de suicídios no estado da Paraíba motivaram o
parlamento paraibano a discutir o tema com a sociedade. “As instituições
e a sociedade civil devem continuar trabalhando no cuidado das pessoas,
unindo forças e cobrando providências das autoridades paraibanas e no
âmbito federal. Nós precisamos reduzir os índices de suicídio, que são
assustadores na Paraíba e no Brasil de uma maneira geral. É importante
aproveitar essa sessão de hoje para estabelecer um encaminhamento e nos
mobilizar enquanto poderes constituídos, interagindo com as secretarias
de saúde, poder executivo e participação das representações que aqui
estão, para que possamos avançar no combate ao suicídio”, defendeu o
presidente.
Segundo o deputado Raniery, o objetivo da Sessão
Especial foi dar visibilidade ao tema e promover o debate, ampliando o
trabalho da Assembleia, que, além de buscar melhores condições para a
população, também está lutando pela preservação da vida. “O objetivo é
debater e chamar atenção para as pessoas que sofrem de algum transtorno,
alguma angústia, que pensam em tirar a sua própria vida. O setembro é o
mês destinado ao chamamento desta atenção, e ao encorajamento para que
elas a procurarem orientação. A Assembleia tem o papel de buscar,
através das políticas públicas, a melhoria das condições de vida das
pessoas, e esta sessão vai muito além disso, busca a preservação da
vida” afirmou.
Preocupado com o aumento de casos de suicídios
entre os jovens, o deputado Artur Cunha Lima ressaltou a depressão, os
conflitos da atualidade e a necessidade do diálogo e do convívio
familiar como fatores que causadores do suicídio. “A sociedade precisa
se unir, repensar, estender a mão e abrir caminhos para o diálogo com a
população para que venhamos amenizar índices alarmantes que têm crescido
no país”, falou o parlamentar.
O deputado Aníbal Marcolino
aproveitou a Sessão e chamou atenção para patologias como o Transtorno
Obsessivo Compulsivo e a Síndrome do Pânico que, assim como a depressão,
não fazem distinção de classe social e também podem levar o paciente a
tentar contra a própria vida. “O suicídio, através das patologias
psiquiátricas, atinge a todas as classes. Só neste ano, cinco médicos
tiraram suas vidas. O acompanhamento é importante. Qualquer sinal de
alguém da família, uma mudança no humor, na forma de agir é necessário
que se busque ajuda”, destacou.
O presidente da Associação de
Psiquiatria da Paraíba, José Brasileiro, parabenizou a iniciativa dos
parlamentares de abordar a prevenção ao suicídio na Casa de Epitácio
Pessoa. Segundo o psiquiatra a cada 40 segundos uma pessoa comete
suicídio no mundo e mais importante do que falar sobre o assunto é a
necessidade de criar políticas públicas para a prevenção. “O suicídio é
uma epidemia silenciosa. Em 1985, os números de casos registrados eram
de 3.5 pessoas para cada dez mil. Hoje, estes números são de 5.5
pessoas. O suicídio tem aumentado porque não temos políticas públicas
para a prevenção. Temos poucos serviços de saúde, poucas estruturas para
prevenir o suicídio”, argumentou. Ainda de acordo com o psiquiatra, tão
importante quanto tratar da prevenção ao suicídio, é também necessário
tratar do pós-suicídio e a maneira como o ato repercute na sociedade. “É
preciso falar também da posvenção ao suicídio, que é o que acontece
depois. As repercussões na sociedade e os efeitos. Tem que ser feito um
trabalho com a família e com a sociedade após essa tentativa, após o
suicídio”, explicou o presidente.
A professora doutora da
Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Iracilda Cavalcante de Freitas
Gonçalves, que já escreveu três livros sobre o tema, afirmou que o
aumento de casos de suicídio na Paraíba é extremamente preocupante.
Segundo ela, a pessoa que comete ou tenta o suicídio não sente o desejo
de morrer, mas sim de livrar-se dos problemas que a aflige. “Essas
pessoas querem sair de um sofrimento e sozinhas não conseguem, mas
também silenciam e não dividem seus problemas. O aumento de casos
preocupa principalmente porque o maior fator de risco do suicídio é a
depressão e ela tem crescido bastante. As pessoas precisam ser ensinadas
a resolver conflitos, lhe dar com problemas diários e a procura ajuda”,
argumentou a professora.
A sessão também contou com a presença
dos deputados Arnaldo Monteiro, Guilherme Almeida, Janduhy Carneiro,
João Gonçalves, Raoni Mendes, Renato Gadelha, Tião Gomes e Trócolli
Júnior. Além da presidente da Associação Promocional do Poder
Legislativo, Manuela Maia, da diretora do departamento de saúde da
Assembleia Legislativa, Deyse Queiroga, da diretora da Divisão de
Psicologia da ALPB, Durvalina Rodrigues, da ouvidora geral da ALPB,
Liliane Targino, da porta voz do Centro de Valorização da Vida (CVV),
Aparecida Melo, do escritor e historiador José Otávio.
MaisPB
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