Quadrilhão do PMDB nasceu no governo Lula, afirma Rodrigo Janot
Publicado por: Anderson Costa
Ao denunciar os senadores da cúpula do
PMDB Edison Lobão (MA), Jader Barbalho (PA), Renan Calheiros (AL),
Romero Jucá (RR) e Valdir Raupp (RO) e os ex-senadores José Sarney (AP) e
Sérgio Machado (CE), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot,
afirmou que a organização criminosa alvo da Lava Jato se iniciou em
torno da primeira eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na denúncia contra o ‘quadrilhão do
PMDB’, levada nesta sexta-feira, 8, ao Supremo Tribunal Federal, ainda
consta requerimento para que eles percam seus cargos públicos.
Janot ofereceu denúncia contra o
‘quadrilhão do PMDB’ no Senado por crimes envolvendo a administração
pública, especialmente na Petrobrás e na Transpetro, apontando que eles
teriam causado prejuízo de R$ 5,6 bilhões aos cofres das estatais –
sendo R$ 5,5 bilhões na Petrobrás e R$ 113 milhões na Transpetro.
Segundo a peça, os senadores e ex-senadores teriam pego R$ 864 milhões em propinas.
Janot destacou a responsabilidade dos
peemedebistas, ‘até os dias de hoje’ na indicação de cargos à estatal –
parte deles loteados por ex-diretores que hoje delatam na Lava Jato,
como Nestor Cerveró e Paulo Roberto Costa.
Esta é a 34ª denúncia da Procuradoria-Geral da República no âmbito da Operação Lava Jato perante o Supremo.
No início da peça, Janot destaca que ‘a
organização criminosa objeto da investigação no âmbito da Operação Lava
Jato é aquela constituída em 2002 para a eleição do ex-presidente Luís
Inácio Lula da Silva à Presidência da República, quando integrantes do
PT se uniram inicialmente a grupos econômicos com objetivo de financiar a
campanha de Lula em troca do compromisso assumido, pelo então candidato
e por membros da sua futura equipe, de atender interesses privados
daqueles conglomereados’.
“Com isso, Lula foi eleito e a
organização criminosa cresceu após sua posse, quando então se estruturou
um modus operandi de cobrar vantagens indevidas em diversos órgãos,
empresas públicas e sociedades de economia mista controladas pela União,
a partir da negociação com empresas que tinham interesses em negócios
no âmbito do governo federal”, anota.
Janot afirma que, ‘para tanto, foram
nomeadas a cargos públicos responsáveis por grandes orçamentos pessoas
já de antemão comprometidas com a arrecadação da propina’.
“Essas pessoas que compuseram o núcleo
administrativo da organização criminosa relacionavam-se com os
empresários (núcleo econômico), que, por sua vez, pagavam os valores
indevidos por meio de estruturas próprias desenvolvidas para ocultar a
origem dos recursos ilícitos, por intermédio de doleiros que já operavam
no mercado e também mediante doações eleitorais. Tais operadores eram
os responsáveis pelo núcleo financeiro da organização criminosa”, acusa o
procurador-geral.
O chefe do Ministério Público Federal
pondera, entretanto, que, ‘o estratagema não foi desenvolvido para
beneficiar indevidamente apenas integrantes do PT: serviu, conforme se
verá, para atender integrantes de outras agremiações partidárias que
antes e ao longo do governo Lula aderiram ao núcleo político da
organização e passaram a comandar, a partir de acertos espúrios,
determinados órgãos e empresas públicas cujos vultosos orçamentos
permitiam uma captação relevante de propina’.
“Os integrantes do núcleo político da
organização criminosa, como já dito, pertenciam a diferentes agremiações
(PT, PMDB e PP) e não havia entre eles relação de subordinação, mas de
conveniência. Os integrantes do PT tinham o poder de nomear os cargos no
âmbito de toda a Administração Pública Federal e das empresas públicas e
sociedades de economia mista controladas pela união”, afirma.
Fonte: Estadão
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