Dilma Rousseff usava e-mail secreto para alertar aliados, confirma investigação
Informações constam na denúncia apresentada pela PGR contra a ex-presidente, por obstrução de justiça
© Reuters
Os
investigadores do Ministério Público Federal (MPF) conseguiram
confirmar troca de e-mails entre a ex-presidente Dilma Rousseff e a
marqueteira Mônica Moura, que tinham como objetivo alertar tanto Mônica
quanto o companheiro dela, o também marqueteiro João Santana, sobre o
risco de prisão.
A informação consta na
denúncia apresentada pelo então procurador-geral da República, Rodrigo
Janot, no início de setembro, acusando Dilma, Lula e o ex-ministro
Aloizio Mercadante de obstrução de Justiça.
“[As investigações]
confirmaram diversos telefonemas trocados entre Mônica Moura e terminais
cadastrados em nome da Presidência no período dos fatos. A adoção de
tais medidas permitiu que João Santana e Mônica Regina Cunha Moura se
precavessem contra diligências investigatórias como buscas e apreensões e
prisões”.
De
acordo com informações de O Globo, as acusadas usavam três contas de
e-mail secretas para trocar informações. Mas, ao invés de escreverem e,
em seguida, enviarem o texto, elas salvavam os escritos na pasta de
rascunho. Assim evitariam que rasteios pudessem flagrar as conversas.
Ambas tinham a senha das contas e acessavam a caixa de correio
eletrônico para conferir os últimos acontecimentos relacionados à
operação Lava Jato.
Além disso, as mensagens eram escritas por
meio de códigos. “O seu grande amigo está muito doente. Os médicos
consideram que o risco é máximo. O pior é que a esposa, que sempre
tratou dele, agora está com câncer e com o mesmo risco. Os médicos
acompanham os dois dia e noite”, diz texto escrito por Dilma e
endereçado a Mônica, conforme Janot.
A delatora, em depoimentos
referentes ao acordo de colaboração premiada, já havia dado esta
informação ao MPF. Mônica ainda registrou, em cartório, no ano passado,
antes de ser presa, o conteúdo do rascunho do e-mail que supostamente
recebera de Dilma.
Na denúncia que estava sob sigilo, Janot afirma
que “dados telemáticos obtidos (...) confirmaram a existência dos
e-mails em questão, inclusive daquele em que o rascunho transcrito
acima, o qual já havia sido apresentado por meio de ata notarial (...),
foi elaborado”.
Quando da divulgação da delação do casal de
marqueteiros, no entanto, Dilma negou a informação. Disse ser
“fantasiosa a versão de que a presidenta eleita informava delatores
sobre o andamento da Lava Jato”. Também afirmou que “causa ainda mais
espanto a versão de que por meio de uma suposta ‘mensagem enigmática’
(estranhamente copiada em um computador pessoal), conforme a fantasia
dos delatores, a presidenta tivesse tentado ‘avisá-los’ de uma possível
prisão”.
Ainda segundo O Globo, além das
mensagens e telefonemas trocados com Mônica, Janot disse que Lula foi
nomeado para o cargo de ministro da Casa Civil em março de 2016 para ter
proteção. Mercadante, “homem da estrita confiança de Dilma”, diz a
peça, foi emissário da presidente para falar com um assessor do
ex-senador Delcídio Amaral de modo a evitar que ele firmasse um acordo
de delação premiada. Delcídio gravou a conversa com Mercadante.
Notícias ao Minuto
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