Mulher com Alzheimer tatua contatos da família no braço como forma de prevenção no caso de se perder
"Convivo com Alzheimer”. A frase, seguida de contatos de familiares,
foi tatuada pela dona de casa Célia Maria Oliveira, 64 anos, que mora em
Salvador, como forma de prevenção, caso ela se perca e não consiga
voltar para casa. Capixaba, mas moradora da Bahia há alguns anos, Célia
descobriu a doença há 6 anos e teve que reprogramar a vida.
Agora, ela
faz o esforço diário de aprender coisas novas. O celular tem sido um
aliado. “Eu fui uma das primeiras programadoras de computador do Brasil,
no Rio de Janeiro. Não tinha computador no Brasil ainda e quando
receberam os computadores me chamaram para conhecer. Hoje eu não consigo
trabalhar com ele [computador], fazer nada. Então, me apeguei mesmo ao
celular”, relata.
Célia hoje
trata a doença com remédios, divididos em comprimidos, injeções e
adesivos, que a ajudam a controlar o problema, que não tem cura. Os
gastos ultrapassam os R$ 900 por mês.
Lembrar palavras, acompanhar uma leitura e até mexer no celular são
atividades que já não são mais tão fáceis para Célia, desde o
diagnóstico da doença. A dona de casa já foi secretária executiva,
falava dois idiomas, e operava computador como ninguém.
“[Eu] sempre
dava ideias pra as pessoas. Se eu saísse no shopping, e você me
perguntava, eu sabia o que tinha nas lojas. Depois fui perdendo tudo
isso. Aí foi ficando mais difícil”, afirmou.
Nas paredes
do quarto, a dona de casa dá um jeito de colocar referências das coisas
que gosta e também do que precisa, como os remédios. Ela conta que o
apoio da família e dos amigos é fundamental.
A filha dela,
a estudante Luiza Oliveira, contou como convive com o problema da mãe.
“Meu maior medo era que isso acontecesse um dia, que um dos meus pais
tivesse alguma doença e que ela não tivesse cura. Desde que eu soube eu
tento não pensar muito no amanhã, mas no hoje. A gente aproveita. A
gente dá risada, eu saio com ela. Tem que aproveitar”, diz a estudante
Luiza Oliveira, filha de Célia.
Para
estimular a memória e o raciocínio, Célia ganhou uma agenda onde
responde uma pergunta por dia, como quem são as pessoas mai importantes
da vida dela. Isso nem o Alzheimer faz ela esquecer.
“Primeiro
meus filhos, minha família toda, meus irmãos, que são maravilhosos e
amigos. [sem eles] seria praticamente impossível. Eu acho que eu estaria
embaixo da cama contando as poeirinhas passando, porque não teria um
porquê de estar lutando”, reforça a dona de casa.
A doença de
Alzheimer é um transtorno neurodegenerativa que atinge, na maioria das
vezes, pessoas com mais de 60 anos, comprometendo as atividades de vida
diária e provocando alterações no comportamento.
O
esquecimento é um dos principais sintomas. A perda da memória recente
vem primeiro e a perda da memória remota (fatos mais antigos) já é um
sinal de avanço da doença.
G1
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