Funaro afirma ao Ministério Público Federal: "Temer e Cunha pagaram por votos do impeachment"
O
doleiro e delator Lúcio Bolonha Funaro, em seu acordo de colaboração
premiada firmado com o Ministério Público Federal (MPF), afirmou aos
procuradores que o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o
presidente Michel Temer (PMDB) “confabulavam diariamente” pelo
impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. A informação foi publicada
no site da revista Veja.
De acordo com o delator, na véspera da votação de aceitação do processo
na Câmara, o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha, enviou mensagem a
Funaro questionando se ainda havia recursos disponíveis para a compra
de votos necessários para a abertura do processo na Casa. O doleiro
conta que viabilizou o dinheiro. O processo de abertura foi autorizado
na Câmara por 367 votos favoráveis e 137 contrários, no dia 17 de abril
de 2016. Houve sete abstenções e somente dois ausentes.
De acordo com Funaro, ainda em 2015, dias após a Polícia Federal (PF)
ter feito apreensões nos endereços dele, o empresário Joesley Batista,
da JBS, o chamou para uma conversa em São Paulo. O encontro ocorreu na
casa de Joesley. Os dois, na época, selaram “pacto de proteção mútua”,
conforme revela a revista Veja. Segundo o delator, Joesley prometeu a
ele R$ 100 milhões em troca de seu silêncio. Desde então, contou, o
empresário começou a fazer os repasses em parcelas. De acordo com a
delação, pelo menos R$ 4,6 milhões foram repassados por meio do irmão de
Funaro.
O dinheiro parou de chegar às mãos do doleiro quando Joesley decidiu
fazer delação. Em março, Joesley gravou uma conversa com o presidente
Michel Temer (PMDB) e, entre os diálogos, o presidente ouviu de Joesley
que uma mesada estava sendo paga a Eduardo Cunha e a Lúcio Funaro para
eles ficassem calados sobre o esquema de corrupção na Petrobras. Diante
da informação, Temer declaou: “Tem que manter isso, viu?”. Segundo as
investigações, um dos principais doadores de campanha nas últimas
eleições, o grupo JBS era o responsável pelos pagamentos ao ex-deputado.
Congresso em Foco - Foto: José Cruz/Agência Brasil
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