Raios cósmicos que 'bombardeiam' a Terra vêm de fora da Via Láctea, asseguram cientistas
Resultado do estudo da Universidade de Nebraska-Lincoln foi publicado nesta quarta-feira
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Cientistas asseguram que os raios cósmicos de energia mais alta que 'bombardeiam' a Terra vêm de fora da sua galáxia, a Via Láctea, o que pode ajudar a compreender melhor a origem do Universo.
Cientistas asseguram que os raios cósmicos de energia mais alta que 'bombardeiam' a Terra vêm de fora da sua galáxia, a Via Láctea, o que pode ajudar a compreender melhor a origem do Universo.
Justificando a importância
da descoberta, que contraria teses anteriores, um dos autores do estudo,
Gregory Snow, professor de física da Universidade de Nebraska-Lincoln,
nos Estados Unidos, assinala que os raios cósmicos (partículas de alta
energia perigosas para os astronautas no espaço) são vestígios da
própria estrutura do Universo.
"Ao compreendermos a origem destas
partículas, esperamos compreender melhor a origem do Universo, o Big
Bang, como se formaram as galáxias e os buracos negros [regiões do
espaço de onde nada pode escapar, nem mesmo a luz]", afirmou, citado num
comunicado da universidade.
Os raios cósmicos, descobertos em
1912 pelo físico austríaco Victor Franz Hess, viajam no espaço quase à
velocidade da luz e atingem continuamente a atmosfera da Terra de várias
direções.
Ao
chegar à atmosfera terrestre, uma grande parte destas partículas colide
de modo violento com o núcleo dos átomos presentes na atmosfera,
gerando raios cósmicos secundários, que têm menos energia, são
inofensivos e consistem maioritariamente em partículas elementares (como
o quark, que, a par do leptão, é um dos elementos básicos da matéria).
De
acordo com Gregory Snow, as partículas detetadas são de tal maneira
energéticas que devem ter como origem fenómenos astrofísicos
"extremamente violentos" que ocorrem fora da Via Láctea, e não dentro,
como tem sido defendido.
Num artigo a publicar na sexta-feira pela
revista científica Science, um grupo de mais de 400 investigadores de
18 países descreve como detetou uma anisotropia, uma assimetria na
distribuição das 'direções de chegada' das partículas cósmicas à medida
que se aproximam da Terra.
Raios cósmicos de energia muito elevada
foram observados durante mais de 50 anos, mas a sua proveniência
continua a ser um enigma.
A melhor forma de descobrir essas
origens é estudar as direções de percurso das partículas à medida que se
aproximam da Terra, uma tarefa difícil, uma vez que interagem com os
campos magnéticos intergalácticos, incluindo os da Via Láctea, que
desviam, em pequenas quantidades, as partículas das suas direções de
origem.
As partículas de energia mais alta atingem a Terra a uma média anual de uma partícula por quilómetro quadrado.
Os
novos resultados, a publicar pela Science, baseiam-se em 12 anos de
recolha de dados pelo Observatório Pierre Auger, construído na Argentina
em 2001 para estudar especificamente os raios cósmicos.
O
observatório reúne dados de 1.600 detetores de partículas. Vários
telescópios são igualmente usados para ver a luz fraca fluorescente
emitida pelas partículas à noite. Com informações da Lusa.
Notícias ao Minuto
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