Portugal diz não poder firmar tratado contra armas nucleares como membro da Otan
Para a Otan, “o mundo deve permanecer unido face a ameaças crescentes” - (Foto: Opinião e Noticia) |
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal,
Augusto Santos Silva, Portugal diz não poder firmar tratado contra armas
nucleares como membro da Otan que foi assinado esta semana na ONU. A
informação é da agência Lusa.
"Portugal não pode ser membro da Organização do Tratado do Atlântico
Norte (Otan), que é uma aliança nuclear, e ser subscritor de um tratado
que declara ilegais as armas nucleares. Portugal não é membro de
alianças ilegais", explicou o ministro.
Santos Silva falou à Lusa no final da sua participação na Assembleia
Geral da ONU, durante a qual mais de 50 países assinaram o novo tratado.
O documento foi aprovado em julho, com o voto positivo de mais de 120
países.
"É preciso fazer uma distinção entre a não proliferação e a redução
do armamento nuclear, e a sua ilegalização. Portugal é parte do Tratado
de Não Proliferação Nuclear, tem acompanhado os seus esforços e os
resultados, vê com muitas preocupações o fato de países se terem tornado
potências nucleares em violação do tratado e vê, em particular, com
muitíssimo preocupação este processo em que está o regime
norte-coreano", explicou o ministro.
Vê com interesse
O esforço de redução das armas nucleares, disse ele, é diferente do
"movimento protagonizado por quase dois terços dos estados membros das
Nações Unidas no sentido de declarar ilegais as armas nucleares."
"Esse movimento não acompanhamos. Não quer dizer que o hostilizemos,
pelo contrário, vemos com interesse esse movimento, mas não podemos
fazer parte dele", defendeu. Portugal segue assim o exemplo dos seus
colegas da Otan, mas com isso torna-se o único país da Comunidade dos
Países de Língua Portuguesa (CPLP) a não ratificar o documento.
Dissuasão
"O que nós e os restantes membros da Otan dizemos é que essa questão
do fim das armas nucleares será colocada a seu tempo. Neste momento, o
que é preciso é evitar a proliferação de armamento nuclear e,
evidentemente, que a Otan, enquanto aliança político-militar, não está
disponível para abdicar unilateralmente de um dos seus instrumentos de
dissuasão mais importantes, que é a força nuclear", concluiu.
A Otan lamentou a adoção, por parte da ONU, do tratado que proíbe
armas nucleares, afirmando que o acordo “ignora a realidade do ambiente
de segurança internacional, que é cada vez mais complexo”, segundo um
comunicado divulgado hoje pelos 29 Estados-membros da aliança.
Este é o primeiro tratado global da ONU para proibir armas nucleares.
Ele foi votado em 7 de julho deste ano, em Nova Iorque, tendo obtido
122 votos a favor, mas forte oposição dos países com capacidade nuclear,
que boicotaram as negociações.
Para a Otan, “o mundo deve permanecer unido face a ameaças
crescentes”, particularmente “a séria ameaça representada pelo programa
nuclear norte-coreano” e, acrescenta, “este tratado não leva em conta
esses desafios urgentes de segurança”.
Agência Lusa
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