Pesquisadores paraibanos desenvolvem bengala inteligente para deficientes visuais
A primeira versão do dispositivo pensada pelos professores foi uma bengala, dentro do conceito de oferecer localização espacial e traçar trechos a serem seguidos pelo deficiente
Desenvolvimento do dispositivo - (Foto: Reprodução/assessoria) |
Visando incluir da melhor maneira os deficientes
visuais, que compõem mais de 3,6% da população brasileira, ou 7,2
milhões de pessoas, de acordo com o IBGE, o IFPB – Campus João Pessoa
iniciou no mês de julho uma obra para inserção de piso tátil em áreas do
pátio e dos corredores que ainda não contavam com o recurso de
acessibilidade.
A novidade é que docentes da graduação em Engenharia Elétrica e do
curso técnico em Equipamentos Biomédicos estão desenvolvendo, por meio
de um PIBICT, um aparelho de tecnologia assistiva que serve de
complemento ao piso, mapeando os ambientes do campus para auxiliar na
locomoção de cegos entre as salas.
O professor Pedro Victor, um
dos coordenadores do projeto, explica que a ideia surgiu de uma conversa
com a fisioterapeuta do filho. Como portadora de deficiência visual,
ela afirmou que a tarefa mais difícil não é transitar no espaço, e sim
obter a identificação das portas para saber onde entrar. “A pessoa tem
que ir, tatear na porta... A ideia foi eliminar isso. Hoje todo mundo
tem smartphone, então por que não criar um dispositivo que leia a porta,
transmita a informação para o celular e envie uma mensagem de áudio
para o deficiente visual via fones de ouvido?”, explica.
O docente Cleomar Moreira, que também coordena a iniciativa, ainda
esclarece que a ideia vai além do desenvolvimento de um simples programa
para aparelhos eletrônicos. “Embora hoje em dia se fale muito em
acessibilidade, muito se tem em torno de software, como aplicativos para
celular, e pouco em termos de hardware, que são sistemas físicos (...).
Nós temos um protótipo. A ideia é mapear os ambientes do IFPB e
oferecer um caminhar pelo instituto sem quaisquer problemas, além de
agregar informações sobre esses ambientes - se estão ocupados ou não, e
quais os horários de aula.”
Funcionamento
A primeira versão do dispositivo
pensada pelos professores foi uma bengala, dentro do conceito de
oferecer localização espacial e traçar trechos a serem seguidos pelo
deficiente visual, bastando que ele informe ao dispositivo, por meio do
celular, o destino pretendido. “A gente já trabalhou o envio de dados
para o smartphone. Falta instalar os sensores em cada porta do campus
para permitir a identificação dos ambientes pelo dispositivo, que vai
ser feita por radiofrequência, a mesma tecnologia que existe para
validar o Passe Legal nos ônibus”, detalha Pedro.
Mas o conceito foi amadurecendo com o tempo, e agora já se fala em
miniaturizar o protótipo para que possa ser carregado com mais
facilidade. “Estamos testando também outros sensores de identificação
de obstáculos à altura da cabeça do deficiente visual, como placas,
pessoas, orelhões... Vamos miniaturizar o objeto. Tenho algo em mente
que é simples, fácil de carregar e que não envolva uma bengala. Pensamos
em ter esse segundo protótipo no começo do ano que vem, já
funcionando”, pontua. Os coordenadores finalizam atestando que ainda
irão verificar a viabilidade econômica do projeto, uma vez que todas as
portas do instituto terão de ser mapeadas por sensores.
Aprendizado
Quem completa a equipe, ajudando a dar
forma no dispositivo de tecnologia assistiva é o aluno Julio Vinnícius,
do oitavo período de Engenharia Elétrica. Ele se engajou logo no início
do projeto, a convite do professor Cleomar, após declarar interesse em
trabalhar com a parte de equipamentos biomédicos dentro da Engenharia
Elétrica.
O estudante passou seis meses no laboratório antes de começar a
trabalhar com a ideia do dispositivo inteligente, pela qual demonstra
ter estímulo para aprender. “A maioria dos estudantes aqui do IFPB
quando conversam comigo sobre esse projeto de tecnologia assistiva, tem
vontade de trabalhar nele também. É muito importante dar a oportunidade
de incluir os deficientes visuais”, afirma.
ClickPB
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