PMDB pressiona Michel Temer para ‘queda’ do ministro Antonio Imbassahy
Após quase um mês da votação da denúncia por
corrupção passiva contra o presidente da República, Michel Temer (PMDB),
na Câmara dos Deputados, a briga de partidos da base aliada por mais
espaço na Esplanada dos Ministérios continua. Nos últimos dias, um dos
que reforçaram a insatisfação perante o presidente foi sua própria
sigla, o PMDB.
Os peemedebistas estão incomodados com a permanência de quatro
ministérios sob o comando do PSDB, que está rachado entre apoiar ou
abandonar Temer e votou dividido no arquivamento da denúncia. O partido
do presidente pede a saída do ministro tucano Antonio Imbassahy, titular
da Secretaria de Governo, responsável pela articulação política do
governo.
Na avaliação de deputados peemedebistas ouvidos pelo UOL,
a insatisfação é direcionada especificamente ao PSDB, mas encontrou em
Imbassahy uma espécie de válvula de escape. Além da Secretaria de
Governo, os tucanos controlam os ministérios das Relações Exteriores
(Aloysio Nunes), das Cidades (Bruno Araújo) e dos Direitos Humanos
(Luislinda Valois). Para os peemedebistas, quatro pastas para um partido
que não atua à altura em prol do governo são um exagero.
Na votação da denúncia contra Michel Temer, o PSDB ficou dividido com
21 votos pela rejeição da peça da PGR (Procuradoria-Geral da República)
e 20 pela continuidade. A situação se agravou com vídeo divulgado pelo
partido na TV aberta na semana passada, no qual se afirma existir um
“presidencialismo de cooptação” como modelo de governo.
Embora o presidente interino da legenda, senador Tasso Jereissati
(CE), tenha dito que a crítica não era direcionada a Michel Temer, a
frase foi mal digerida pelo Palácio do Planalto, pelo PMDB e, inclusive,
por parte dos tucanos que defendem a gestão Temer. Nas palavras de um
deputado peemedebista, o vídeo foi um “coice” e quase uma “declaração de
divórcio”.
Segundo apurou a reportagem, o pedido de uma troca na Secretaria de
Governo foi reforçado pessoalmente pela bancada do PMDB na Câmara ao
presidente da República nesta semana. Para os deputados, o mínimo que o
titular do Ministério que conduz a articulação política deve fazer é
assegurar o apoio de seu próprio partido ao governo, ao contrário do que
vem acontecendo.
De acordo com um deputado do partido, ainda é preciso rever o tamanho
de cada sigla no cenário pós-denúncia. Na avaliação dele, os partidos
mais bem atendidos são o PP, DEM, PR, PSB e PSC.
“É complicado você ter aliados desse tipo, ainda mais em um posto
central que é a articulação política do governo. O que levou o
Imbassahy, nada contra o Imbassahy, ao posto de coordenador de política
do presidente foi o fato da representatividade partidária. Não foi só o
talento político dele, a arte política dele”, afirmou.
“O partido que ficou menos bem na foto foi o PMDB. Precisou de certa
forma ser sacrificado para compor a base de sustentação. É não dá para
ficarmos assistindo esse comportamento do PSDB e continuar”,
acrescentou.
“Opositor nas ações, governo com os cargos”
Todos os deputados e assessores ouvidos pelo UOL, no
entanto, sabem que a decisão e o momento de se realizar uma troca cabem
inteiramente ao presidente. Para o deputado Lucio Vieira Lima
(PMDB-BA), irmão do ex-ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira
Lima, a ressalva é que, se deixar o incômodo contra o PSDB crescer, a
questão pode virar uma nova crise porque “quem acaba pagando a conta é
sempre o PMDB”.
O deputado não defende a saída do ministro Imbassahy,
necessariamente, mas acredita que o tamanho do PSDB na Esplanada precisa
ser revisto. “Isso é a melhor coisa do mundo: ser opositor nas ações e
ser governo com os cargos”, falou.
O deputado Carlos Marun (PMDB-MS) reconhece que os posicionamentos do
PSDB causaram constrangimento e desconforto na bancada peemedebista na
Câmara. Ao mesmo tempo, avalia, os tucanos resolveram arrefecer as
críticas, e o governo não se pode dar ao luxo de perder aliados antes da
votação de matérias importantes, como a Reforma da Previdência.
“A situação tem que ser dirimida nas duas visões. Tem que ter
habilidade para que não se torne uma situação grave”, disse. Questionado
se há o risco de a bancada do PMDB se rebelar caso não seja atendida,
Marun afirmou que seus deputados têm o dever de lealdade ao governo, mas
o ideal é que não seja forçada e se façam “alguns ajustes”.
Segundo um assessor do Planalto, a questão só deve ser retomada na
volta da viagem do presidente Michel Temer à China. A ida está marcada
para a próxima terça-feira (29) e, a volta, para o domingo (6). Outro
interlocutor do Planalto, porém, acredita que o pleito não deve ser
atendido, visto que o PSDB anunciou uma “trégua” entre as alas
divergentes quanto à permanência do partido na base do governo Temer.
“Para que o presidente vai correr o risco de incendiar tudo [no PSDB] de novo à toa?”, defendeu um assessor de Temer.
Procurado, o ministro Antonio Imbassahy informou que não vai se manifestar.
UOL
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