Após decisão, denúncia contra Michel Temer fica parada até ele deixar o cargo
Essa é a primeira vez na história brasileira que um presidente da República é acusado formalmente de crime no exercício do cargo

© REUTERS / Adriano Machado
A denúncia por corrupção passiva contra o presidente Michel Temer, rejeitada pela Câmara nesta quarta-feira (2), ficará sobrestada - ou seja, permanecerá parada - até que ele deixe o cargo.
Quando terminar o mandato, o STF poderá remeter a denúncia para as instâncias inferiores darem encaminhamento ao caso.
A investigação, no entanto, pode prosseguir aberta e com diligências.
O ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal), deve decidir em breve os próximos passos da investigação.
Nos bastidores do tribunal não se descarta a possibilidade de Fachin
determinar o desmembramento da investigação e separar a parte relativa
ao ex-assessor de Temer, Rodrigo Rocha Loures. Ele foi filmado pela
Polícia Federal correndo com uma mala com R$ 500 mil -o valor seria
propina paga pela JBS.
Fachin disse a jornalistas que deve tomar uma decisão logo depois da
votação dos deputados. "Assim que a Câmara tomar uma decisão, vou
ordenar o processo, em seguida. Mas não vai demorar muito", afirmou.
Ele, no entanto, não quis explicar quais seriam as regras para o
trâmite.
Em junho, PGR (Procuradoria-Geral da República) denunciou Temer e Rocha Loures por corrupção passiva com base na delação da JBS.
De acordo com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, Temer
"recebeu para si", por meio de Loures, a "vantagem indevida de R$ 500
mil ofertada" por Joesley Batista, sócio da JBS, e entregue na mala. A
informação de que a acusação ligaria Temer à mala com propina foi
antecipada pela Folha de S.Paulo.
De acordo com a PGR, o presidente recebeu os recursos "entre os meses
de março a abril de 2017, com vontade livre e consciente" e "valendo-se
de sua condição de chefe do Poder Executivo e liderança política
nacional". O intermediário das operações foi, segundo Janot, Rocha
Loures.
No documento, a PGR diz ainda que, "além do efetivo recebimento do
montante espúrio mencionado", Temer e Loures "em comunhão de esforços e
unidade de desígnios, com vontade livre e consciente, ainda aceitaram a
promessa de vantagem indevida no montante de R$ 38 milhões".
Essa é a primeira vez na história brasileira que um presidente da
República é acusado formalmente de crime no exercício do cargo. Temer
deve ainda ser alvo de novas acusações, conforme antecipou a Folha de
S.Paulo.
A PGR avalia fazer outros pedidos de abertura de ação penal,
atribuindo outros crimes ao presidente, como organização criminosa,
obstrução de justiça e lavagem de dinheiro ainda com base na delação da
JBS.
Além disso, a PGR pediu ao Supremo para incluir Temer na investigação
que apura a suposta atuação de uma quadrilha de deputados do PMDB na
Petrobras.
Notícias ao Minuto com informações da Folhapress.
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