Ex-secretário do Rio de Janeiro é preso por agentes da Polícia Federal na manhã de hoje
O
ex-secretário municipal de obras do Rio nas duas gestões do ex-prefeito
Eduardo Paes, Alexandre Pinto, foi preso por agentes da Polícia Federal
em mais um desmembramento da Lava Jato no Rio de Janeiro, na manhã
desta quinta-feira (3).
Os
agentes estão nas ruas, desde o início da manhã, para cumprir nove
mandados de prisão preventiva, um de prisão temporária, três conduções
coercitivas e 18 mandados de busca e apreensão. Nove mandados de prisão
estão sendo cumpridos no Rio e um em Pernambuco, onde foi confirmada a
prisão de Laudo Aparecido Dalla Costa Ziani, genro do ex-deputado Pedro
Correa. A operação foi batizada de “Rio, 40 graus”. Outro alvo da ação é
a advogada Vanuza Sampaio.
Também
há um mandado de condução coercitiva (quando alguém é levado para
depor) contra o advogado Luciano Ramos Volk, na Vila Nova Conceição,
bairro nobre da Zona Sul de São Paulo, mas que não tinha sido cumprido
até as 7h45. A Polícia Federal entrou no prédio, mas não o localizou. Já
o mandado de busca e apreensão foi cumprido no apartamento de Luciano.
Todos os mandados são expedidos pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ªVara
Federal Criminal do Rio. Segundo as investigações, os investigados
teriam recebido mais de R$ 30 milhões em propina de obras públicas.
Em
nota, o ex-prefeito Eduardo Paes afirmou que Alexandre Pinto é um
servidor de carreira da prefeitura do Rio e a política não teve qualquer
relação com sua nomeação para a função de secretário de obras. “Ao
contrário! Caso confirmadas as acusações, será uma grande decepção o
resultado dessa investigação.”, disse Paes.
Essa
nova fase da Lava Jato chegou à prefeitura através de investigações de
contratos na gestão de Paes. Alexandre Pinto foi preso em casa, na
Taquara, na Zona Oeste do Rio, em um condomínio de luxo da região.
Os
procuradores do Ministério Público Federal têm como base a delação da
empreiteira Carioca Engenharia e diz respeito a corrupção, com pagamento
de propina e desvio nas obras do corredor de ônibus Transcarioca, que
custou R$ 2 bilhões, e da drenagem de córregos da Bacia de Jacarepaguá.
De acordo com as investigações, o ex-secretário cobrava propina de 1% no
valor das obras.
A
Lava Jato chega à prefeitura do Rio porque passa a investigar também
não só a organização criminosa que, segundo os investigadores, era
chefiada pelo ex-governador Sérgio Cabral, mas também a organização
criminosa que teria ligações com o PMDB em todo o estado do Rio de
Janeiro.
Entre
os alvos da ação estão são lobistas e fiscais da prefeitura
responsáveis pelas obras. Essa é a primeira vez que a Lava Jato
fluminense chega na esfera municipal. Os agentes também cumprem mandado
em um condomínio de luxo em Camboinhas, na Região Oceânica de Niterói, e
no bairro de Boa Viagem, em um prédio que fica em frente ao Museu de
Arte Contemporânea (MAC), também em Niterói.
Alexandre
Pinto foi citado em delação da engenheira Luciana Salles Parentes, que
trabalhava na Carioca Engenharia. A delatora disse que tomou
conhecimento da exigência de pagamento por meio de Antonio Cid Campelo,
da OAS. Ela afirmou que o então secretário de Obras do Rio exigiu 1% do
valor do contrato.
As
investigações foram iniciadas há quatro anos e os presos serão
indiciados por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Após os procedimentos de praxe, eles serão encaminhados ao sistema
prisional do estado.
Setenta
e seis policiais federais cumprem mandodos no Rio de Janeiro (Recreio,
Centro, Copacabana, Botafogo, Vila Isabel, Barra da Tijuca, Tijuca,
Rocha, Jacarepaguá), Niterói (Boa Viagem, Icaraí, São Francisco, Itaipu,
Fonseca, Camboinhas) e em São Paulo/SP, Recife/PE e Petrolina/PE.
De
acordo com o site da prefeitura, a história do ex-secretário Alexandre
Pinto começou no governo municipal em 1987, quando ingressou nos quadros
como diretor da Coordenadoria Geral de Conservação (CGC). Ele também
foi presidente da Rio-Águas e subsecretário de Águas Municipais, até
chegar à Secretaria de Obras, onde assumiu a secretaria no segundo
semestre de 2009.
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Casa do ex-secretário fica em condomínio luxuoso - (Foto: Cristina Boeckel / G1) |
G1
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