Véspera da Assembleia Constituinte tem clima de tensão e barricadas na Venezuela
A véspera da votação da polêmica Assembleia
Constituinte foi marcada por protestos e barricadas em algumas cidades
venezuelanas. Apesar da proibição do presidente Nicolás Maduro, que
prometeu prender quem se manifestasse, a oposição convocou seus
apoiadores a continuar nas ruas para mostrar seu descontentamento contra
o que classificam como “fraude constitucional”. Em algumas avenidas de
Caracas, manifestantes mantiveram bloqueios iniciados na véspera para
protestar.
Os caraquenhos, como são chamados os habitantes da capital, acordaram
em ruas sujas com detritos, onde os manifestantes enfrentaram as forças
de segurança durante a semana. Muitos afirmaram que não votarão na
eleição de domingo.
— Não sei se conseguimos atingir nosso objetivo mas pelo menos nos
mostramos internacionalmente — disse Margarita López, assistente de um
médico em Caracas, que se nega a votar no domingo. — Eu não voto por
causa disso, vou ficar na minha casa vendo séries e depois venho claro
para o trancaço.
Outras pessoas, em diversas zonas em Caracas, preferiram sair para
comprar alimentos por temer a agitação que pode acontecer nos próximos
dias. Maduro prometeu que a Constituinte trará de volta a paz ao país
depois da “guerra econônica” que segundo ele, é promovida pela oposição.
— Vou trocar minhas economias para comprar e armazenar alimentos,
caso seja verdade que cheguem a bloquear as ruas como prevemos — disse
Néstor Escalante, desenhador gráfico de 50 anos.
“Vamos estender as barricadas até amanhã e todos irão às ruas no
domingo para exigir a transformação da Venezuela”, disse o congressista
de oposição Freddy Guevara, no Twitter.
Dos 6.120 candidatos da eleição, nenhum é da oposição, que está
boicotando o processo, por considerá-lo um pleito manipulado. Críticos
afirmam que Maduro está menos interessado em reescrever a constituição,
que já fornece poderes generosos para o Executivo, do que em obter os
poderes quase absolutos que o novo corpo legislativo pode ter.
— Os chamados pela violência tiveram um fracasso estrondoso — disse o
prefeito de Caracas, Jorge Rodríguez, parte do comando do oficialismo.
Em uma entrevista coletiva da coalizão Mesa da Unidade Democrática
(MUD), o líder opositor Henrique Capriles concordou que depois de
domingo os protestos devem prosseguir porque o objetivo é “a mudança de
governo”.
— Esta luta continua e somente será possível alcançar o objetivo se
os venezuelanos desejarem, se não nos deixarmos desanimar. Maduro, você
colocou a corda no pescoço, jogou sua última cartada.
COMPANHIAS ÁREAS SUSPENDEM VOO
O ex-chefe do Governo espanhol, José Rodríguez Zapatero, insistiu
neste sábado na necessidade de um diálogo e pediu ao governo e a
oposição que dimimuam o confronto para solucionar a crise política.
“Reafirmo que apenas a negociação, a negociación e o acordo podem dar uma saída à grave crise”, afirmou em comunicado.
Companhias aéreas como a Air France, Avianca — pela segunda vez — e a
Iberia anunciaram a suspensão a Caracas entre 30 de julho e 1º de
agosto. Em nota, a Air France lembrou que “a segurança de seus clientes e
de suas tripulações é sua prioridade”.]
Em Caracas, Maracaibo, San Cristóbal e Guayana foram registrados
confrontos entre manifestantes e agentes das forças de segurança. O
número de mortos em quatro meses de protestos contra Maduro e sua
Constituinte permanece em 113, porque o Ministério Público retirou de
sua lista uma pessoa que havia incluído entre as vítimas. Na
sexta-feira, o prefeito opositor do município Iribarren (estado Lara),
Alfredo Ramos, foi preso por supostamente não remover as barricadas
durante as manifestações, como ordenou o principal tribunal do país,
acuado pela oposição de servir ao governo.
Extra
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