sábado, 29 de julho de 2017

Votação polêmica

Véspera da Assembleia Constituinte tem clima de tensão e barricadas na Venezuela

A véspera da votação da polêmica Assembleia Constituinte foi marcada por protestos e barricadas em algumas cidades venezuelanas. Apesar da proibição do presidente Nicolás Maduro, que prometeu prender quem se manifestasse, a oposição convocou seus apoiadores a continuar nas ruas para mostrar seu descontentamento contra o que classificam como “fraude constitucional”. Em algumas avenidas de Caracas, manifestantes mantiveram bloqueios iniciados na véspera para protestar.
Os caraquenhos, como são chamados os habitantes da capital, acordaram em ruas sujas com detritos, onde os manifestantes enfrentaram as forças de segurança durante a semana. Muitos afirmaram que não votarão na eleição de domingo.
— Não sei se conseguimos atingir nosso objetivo mas pelo menos nos mostramos internacionalmente — disse Margarita López, assistente de um médico em Caracas, que se nega a votar no domingo. — Eu não voto por causa disso, vou ficar na minha casa vendo séries e depois venho claro para o trancaço.
Outras pessoas, em diversas zonas em Caracas, preferiram sair para comprar alimentos por temer a agitação que pode acontecer nos próximos dias. Maduro prometeu que a Constituinte trará de volta a paz ao país depois da “guerra econônica” que segundo ele, é promovida pela oposição.
— Vou trocar minhas economias para comprar e armazenar alimentos, caso seja verdade que cheguem a bloquear as ruas como prevemos — disse Néstor Escalante, desenhador gráfico de 50 anos.
“Vamos estender as barricadas até amanhã e todos irão às ruas no domingo para exigir a transformação da Venezuela”, disse o congressista de oposição Freddy Guevara, no Twitter.
Dos 6.120 candidatos da eleição, nenhum é da oposição, que está boicotando o processo, por considerá-lo um pleito manipulado. Críticos afirmam que Maduro está menos interessado em reescrever a constituição, que já fornece poderes generosos para o Executivo, do que em obter os poderes quase absolutos que o novo corpo legislativo pode ter.
— Os chamados pela violência tiveram um fracasso estrondoso — disse o prefeito de Caracas, Jorge Rodríguez, parte do comando do oficialismo.
Em uma entrevista coletiva da coalizão Mesa da Unidade Democrática (MUD), o líder opositor Henrique Capriles concordou que depois de domingo os protestos devem prosseguir porque o objetivo é “a mudança de governo”.
— Esta luta continua e somente será possível alcançar o objetivo se os venezuelanos desejarem, se não nos deixarmos desanimar. Maduro, você colocou a corda no pescoço, jogou sua última cartada.
COMPANHIAS ÁREAS SUSPENDEM VOO
O ex-chefe do Governo espanhol, José Rodríguez Zapatero, insistiu neste sábado na necessidade de um diálogo e pediu ao governo e a oposição que dimimuam o confronto para solucionar a crise política.
“Reafirmo que apenas a negociação, a negociación e o acordo podem dar uma saída à grave crise”, afirmou em comunicado.
Companhias aéreas como a Air France, Avianca — pela segunda vez — e a Iberia anunciaram a suspensão a Caracas entre 30 de julho e 1º de agosto. Em nota, a Air France lembrou que “a segurança de seus clientes e de suas tripulações é sua prioridade”.]
Em Caracas, Maracaibo, San Cristóbal e Guayana foram registrados confrontos entre manifestantes e agentes das forças de segurança. O número de mortos em quatro meses de protestos contra Maduro e sua Constituinte permanece em 113, porque o Ministério Público retirou de sua lista uma pessoa que havia incluído entre as vítimas. Na sexta-feira, o prefeito opositor do município Iribarren (estado Lara), Alfredo Ramos, foi preso por supostamente não remover as barricadas durante as manifestações, como ordenou o principal tribunal do país, acuado pela oposição de servir ao governo.

Extra

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