Pacientes sem identificação oficial são realidade nos hospitais paraibanos
Luciano aparenta ter entre 40 e 45 anos, é morador de
rua e está internado no Hospital Ortotrauma de Mangabeira, desde o dia
19 de junho. Sem identificação oficial, a equipe médica tem dificuldades
para diagnosticá-lo e encontrar seus familiares. Assim como ele, vários
pacientes, principalmente idosos, permanecem sem identificação nos
hospitais paraibanos.
Em entrevista ao Portal MaisPB, coordenador do
Serviço Social do Ortrauma, Edval Avelino, relata que este tipo de
paciente é fluxo constante no hospital. Os idosos ainda são maioria, mas
também há registros de jovens na mesma situação.
Em sua maioria, são moradores de rua, geralmente usuários de drogas,
que abandonam a família e chegam ao hospital sem documentos,
desorientados e não conseguem passar nenhuma informação que possa
auxiliar na identificação. Muitas vezes, os pacientes passam até dois
meses na unidade sem identificação.
“Nos últimos meses a gente vem percebendo que essa entrada de
pacientes sem identificação, sem documentação, tem aumentado entre
pessoas mais jovens, 30, 40 anos”, destacou Avelino.
Grande parte dos que chegam com essas características, após a
recuperação conseguem explicar sua origem para os médicos. Isso faz com
que a equipe do hospital consiga localizar a família ou os documentos do
paciente.
Edval Avelino explica que para alguns procedimentos é necessário (um
exame fora do hospital, por exemplo) a formalização, o que exige a
entrega de documentos.
“É comum a família já estar à procura do parente desaparecido,
ligando para os hospitais e acabam indo à instituição para
reconhecê-los”, explica.
Para facilitar a identificação dos pacientes, a unidade hospitalar
costuma utilizar de publicação em rádios, com a descrição das
características físicas. Quando, mesmo assim, as famílias não são
encontradas, o hospital aciona os abrigos, os Centro de Referência
Especializado de Assistência Social (CREAS) e os programas assistenciais
do governo.
Em caso de óbito, a unidade hospitalar precisa de autorização
judicial para encaminhar o corpo à Gerência de Medicina e Odontologia
Legal (Gemol).
“Quando chega a óbito e permanece sem identificação, a gente vai até a
delegacia e faz um registro com o delegado de plantão. Ele dá uma
autorização pra exames cadavéricos, o Gmol é acionado. O corpo permanece
no Gmol por 30 dias. Quando nenhum familiar faz a identificação,
ele é sepultado como não identificado ou o corpo é encaminhado para
estudo, o que também é uma possibilidade”, destacou o coordenador de
serviço social do Trauminha.
Em Campina Grande, identificação leva em média 72 horas
Realidade não muito diferente ocorre no Hospital de Emergência e
Trauma de Campina Grande. O setor de Serviço Social da unidade
hospitalar leva em média 72 horas para identificar pacientes que chegam
ao local sem documentos pessoais.
Este é o período obedecido para iniciar uma intervenção, segundo
explicou ao Portal MaisPB a coordenadora de Serviço Social da unidade,
Cecília Aragão. Após este prazo, a Assessoria de Imprensa, aciona as
mídias e as redes sociais para descrever todas as características do
paciente e descobrir o município de origem.
“A maioria dos casos são resolvidos em 72 horas”, afirmou Cecília
Aragão. Os casos mais demorados são aqueles em que o paciente é oriundo
de um município distante, tem costume de ausentar-se de casa ou está sem
nenhuma identificação. O maior período que um paciente permaneceu sem
identificação foi três meses.
A preocupação principal dos hospitais é dar a assistência necessária a
estes pacientes já que partir da melhora muitas informações ficam mais
fáceis de serem obtidas. Caso não consigam, tentam buscar um local para
inseri-los e o fazem com todo o respaldo judicial. A principal medida,
para não gerar abandono, é transferi-los para abrigos ou acionar a
Assistência Social dos municípios.
Juliana Cavalcanti – MaisPB
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