Polícia Federal prende Aldemir Bendine, ex-presidente da Petrobras e do Banco do Brasil
O
ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras Aldemir Bendine foi
preso na 42ª fase da Operação Lava Jato deflagrada pela Polícia Federal
(PF) na manhã desta quinta-feira (27) no Distrito Federal, Pernambuco,
Rio de Janeiro e São Paulo. Bendine foi preso em Sorocaba. A ação foi
batizada de Cobra.
O
publicitário André Gustavo Vieira da Silva, que é representante de
Bendine, e Antônio Carlos Vieira da Silva Júnior também foram presos.
O
advogado de Bendine, Pierpaolo Bottini, afirmou que não teve acesso à a
decisão judicial que embasa as medidas contra o seu cliente. O G1 tenta contato com a defesa dos demais presos.
Os
três foram presos temporariamente. A prisão tem prazo de cinco dias e
pode ser prorrogada pelo mesmo ou convertida para preventiva, que é
quando o investigado não tem prazo para deixar a cadeia. A operação
também cumpre 11 mandados de busca e apreensão.
Segundo
depoimento de delação feito por Marcelo Odebrecht e Fernando Reis,
Bendine solicitou e recebeu R$ 3 milhões para auxiliar a empreiteira em
negócios com a Petrobras. Conforme os delatores, o dinheiro foi pago em
espécie através de um intermediário. Aparentemente, de acordo com a PF,
estes pagamentos somente foram interrompidos com a prisão de Marcelo
Odebrecht.
Em
2015, Bendine era braço direito da então presidente Dilma Rousseff. E
deixou o banco com a missão de acabar com a corrupção na petroleira,
alvo da Lava Jato. Mas, segundo os delatores, ele já cobrava propina no
Banco do Brasil, e continuou cobrando na Petrobras.
Os presos serão levados para a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.
Investigações
Segundo
o Ministério Público Federal (MPF), há evidências indicando que, numa
primeira oportunidade, um pedido de propina no valor de R$ 17 milhões
foi realizado por Aldemir Bedine à época em que era presidente do Banco
do Brasil, em 2014, para viabilizar a rolagem de dívida de um
financiamento da Odebrecht AgroIndustrial.
No
entanto, Marcelo Odebrecht e Fernando Reis teriam negado o pedido de
solicitação de propina porque entenderam que Bendine não tinha
capacidade de influenciar no contrato de financiamento do Banco do
Brasil, segundo o MPF.
Na
véspera de assumir a presidência da Petrobras, o que ocorreu em 6 de
fevereiro de 2015, Aldemir Bendine e um de seus operadores financeiros
novamente solicitaram propina a Marcelo Odebrecht e Fernando Reis. O
pedido foi feito para que a Odebrecht não fosse prejudicada na
Petrobras, inclusive em relação às consequências da Operação Lava Jato,
apontam os procuradores do MPF.
Em
decorrência do novo pedido e com receio de ser prejudicada na estatal
petrolífera, a Odebrecht, conforme depoimentos de colaboradores, optou
por pagar a propina de R$ 3 milhões através do Setor de Operações
Estruturadas. O valor foi repassado em três entregas em espécie, no
valor de R$ 1 milhão cada, em São Paulo.
Ainda
de acordo com o MPF, em 2017, um dos operadores financeiros que atuavam
junto a Bendine, confirmou que recebeu a quantia de R$ 3 milhões da
Odebrecht, mas tentou atribuir o pagamento a uma suposta consultoria que
teria prestado à empreiteira para facilitar o financiamento junto ao
Banco do Brasil. Todavia, a investigação revelou que a empresa utilizada
pelo operador financeiro era de fachada, destaca o MPF.
“Buscando
dar aparência lícita para os recursos, o operador financeiro, após
tomar ciência das investigações, efetuou o recolhimento dos tributos
relacionados à suposta consultoria, cerca de dois anos após os
pagamentos, com o objetivo de dissimular a origem criminosa dos valores.
Há indícios que a documentação também foi produzida com intuito de
ludibriar e obstruir as investigações”, afirmaram os procuradores.
Em junho
deste ano, o juiz Sérgio Moro, que é responsável pelos processos da Lava
Jato, autorizou abertura de inquérito para investigar Bendine.
G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário