Artista é detido pela Polícia Militar em apresentação com nudez em Brasília
O
dançarino paranaense Maikon Kempinski foi detido pela Polícia Militar
neste sábado (15) por “ato obsceno” enquanto fazia uma apresentação que
envolvia nu artístico ao ar livre, em frente ao Museu Nacional, na área
central de Brasília. Na delegacia, ele foi liberado após comprometer-se
a comparecer à Justiça. Após a repercussão negativa do episódio, o
artista recebeu desculpas públicas do governador Rodrigo Rollemberg.
“O
governo de Brasília destaca a importância da cultura. Rollemberg e
Reis(secretário de Cultura, Guilherme Reis) lembram que a cultura é
sempre bem-vinda à capital da república e lamentam o desconforto causado
ao artista, pois o governo acredita, apoia e incentiva a livre
manifestação artística”, afirmou o governador, em nota, na noite deste
domingo (16).
O
artista qualificou a atuação da PM como violenta. “O governador disse
que isso não poderia ter acontecido e que ele entrou em contato com o
comandante-geral da Polícia Militar para apurar. Disse que minha arte e
eu somos bem-vindos em Brasilia e falou que nos dá total apoio.”
“Estou
em contato com o Sesc e vamos tratar dos assuntos jurídicos e
providências. O secretário de Cultura também me ligou e disse que aquele
local é um espaço livre de manifestações artísticas, que já houve ali
muitos trabalhos de arte com nudez e que o que ocorreu é inadmissível.
Eu e minha equipe queremos retornar ao local ainda este ano para nos
apresentarmos, com o total apoio e proteção do governador.”,
acrescentou.
A
Polícia Militar informou que ele não apresentou documentos comprovando
a autorização para a performance. A corporação disse ainda que atuou
após receber denúncias de pessoas no local incomodadas com a
apresentação.
“No
local não havia nenhuma estrutura que pudesse impedir a aproximação de
crianças, o que revoltou algumas famílias que aproveitavam o dia ao lado
de crianças para conhecer os monumentos de Brasília e que ficaram
surpresas ao presenciar o ato obsceno”, afirmou a corporação.
“Apresentações
desta natureza não são recomendadas para menores de idade, logo deveria
ter sido realizada em um ambiente fechado ou controlado. A Polícia
Militar ainda informa que apoia todos os eventos culturais da cidade,
proporcionando segurança para que eles ocorram”, completou a PM.
O
Sesc repudiou a detenção do artista. “O Sesc-DF ressalta que a
instituição tinha a autorização do Museu Nacional da República, assinada
pelo diretor Wagner Barja, para realização da peça e tomou o devido
cuidado de informar que se tratava de um espetáculo com classificação
indicativa de 16 anos, que ocorreria no período noturno, às 19h30”,
explicou.
“A
proibição da peça em Brasília, os prejuízos materiais à obra e a
detenção do artista constituem uma arbitrariedade que coloca em risco
não apenas a liberdade de expressão, assegurada pela Constituição
Brasileira e por documentos internacionais dos quais o Brasil é
signatário, bem como interfere nos direitos culturais do público do
trabalho. Não vivemos mais em uma época em que um policial militar pode
definir isoladamente a realização ou não de um evento cultural.”
A
apresentação faz parte do festival Palco Giratório, promovido pelo
Sesc. Ela envolve o artista aplicar uma substância seca sobre o corpo,
dentro de uma bolha inflável, onde o público pode entrar e permanecer. O
artista então, como uma cobra, faz um “rito de passagem” por várias
formas do corpo.
G1
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