Marqueteiro João Santana: Imagem de ‘satanista’ de Temer afugentava eleitores
Marqueteiro de Dilma prestou depoimento ao TSE e relatou o que disse a Temer: "O senhor é sistematicamente acusado de satanismo”
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| PRESSIONADO - Temer: "Não renunciarei. Sei o que fiz e sei da correção dos meus atos" - (Fernando Bizerra Jr./EFE) |
A imagem supostamente “satanista” do presidente Michel Temer influenciou diretamente na estratégia de marketing da campanha vitoriosa da chapa Dilma-Temer nas eleições de 2014. Pesquisas internas coordenadas pelo marqueteiro João Santana e pela sócia e esposa dele, Mônica Moura,
apontavam queda nas intenções de voto nas vezes em que a figura de
Temer era explorada eleitoralmente. Os detalhes desta avaliação foram
dados no depoimento em que Santana prestou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
para embasar o processo de cassação da chapa presidencial vencedora da
disputa de 2014. A íntegra do depoimento de João Santana veio à tona
nesta quinta-feira, às vésperas de o TSE julgar se cassa ou não o
mandato de Temer, alçado à presidência após o impeachment de Dilma Rousseff.
Conforme o relato do marqueteiro, que acabou se tornando delator da Operação Lava Jato,
ainda em 2014 Michel Temer o questionou sobre o motivo pelo qual
aparecia tão pouco nas peças publicitárias da campanha. Foi quando o
marqueteiro disse ter cometido um “sincericídio” e aberto o jogo a
Temer. “Vou falar para o senhor um dado que ocorre sistematicamente e
que me surpreende. O senhor é sistematicamente acusado, principalmente
nos grupos de São Paulo, do Sudeste e do Sul, de satanismo”, disse
Santana, ao relatar ao TSE as explicações que deu a Temer. O próprio
marqueteiro já havia estudado ocultismo na juventude e arriscou uma
explicação para a associação do nome do político ao do Tinhoso.
“Talvez por causa do seu nome Michel
Temer, que é um nome de um satanista francês muito conhecido do século
XIX, e talvez por isso”, afirmou o marqueteiro. Segundo ele, era
recorrente haver questionamentos da equipe de Temer sobre a baixa
exposição dele nas campanhas publicitárias na eleição de 2014. Vices
sempre reclamam, dizia João Santana. Mas no caso de Temer, não bastassem
os protestos, a imagem dele, ligada a teses de adoração do diabo,
afugentava os eleitores. Nas eleições daquele ano, o próprio Temer veio a
público para afirmar que boatos de que ele teria admitido ser satanista
vieram à tona ainda em 2010.
Na campanha de 2014, relatou João
Santana, programas de Dilma exibidos na TV eram avaliados, quase que
diariamente, em pesquisas qualitativas por um grupo de 12 pessoas das
principais cidades do país. “Imediatamente se estimula se foi positivo
ou não, passa o relato para a gente e etc. Com o PMDB
e com o presidente Temer era o contrário”, disse o marqueteiro à
Justiça Eleitoral. “O presidente Temer, além de não somar, estava
restando, tirando votos. Quando ele aparecia, realmente…”, completou
ele.
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