“Fui tratado como criminoso”, diz Muntari após caso de racismo em Campeonato Italiano
O
meia gabês Suelley Muntari, do Pescara, afirmou neste sábado que se
sentiu “isolado e irritado” nos últimos dias após a polêmica gerada pelo
caso de racismo que sofreu contra o Cagliari, no último domingo, pelo
Campeonato Italiano. O atleta chegou a ser suspenso por um jogo por ter
abandonado a partida (foi expulso por receber o segundo cartão amarelo),
mas a federação local acabou cancelando a pena e o africano poderá
defender seu clube contra o Crotone, domingo.
–
Eu sinto como se alguém finalmente me ouviu. Os últimos dias foram
muito difíceis para mim. Eu me senti irritado e isolado. Eu fui tratado
como um criminoso. Como eu poderia ter sido punido quando eu fui a
vítima do racismo? Espero que meu caso ajude outros jogadores a não
sofrerem como eu. Espero que isso seja um ponto de virada na Itália e
mostre ao mundo o que significa lutar por seus direitos. Foi uma
importante vitória para mandar uma mensagem que não há lugar para
racismo no futebol, nem na sociedade em geral – disse o ganês ao site da
FIFPro, o sindicato mundial dos jogadores profissionais.
Ao
longo da semana, o ganês ganhou o apoio de entidades importantes no
futebol mundial – e também da autoridade mais notável do esporte na
Itália: o ministro do Esporte Luca Lotti. De acordo com a “Sky Sport
Italia”, o político solicitou uma reunião com o jogador do Pescara. Na
última terça-feira, um julgamento manteve a suspensão do meia, o que
gerou novas manifestações contra a decisão.
Após
a partida de domingo, a FIFPro saiu em defesa de Muntari, que também
ganhou o apoio da ONU e do cônsul de Gana na Itália, que visitou o
jogador. O caso ganhou maior repercussão pela punição aplicada pela
federação italiana por conta da expulsão do ganês, que recebeu o segundo
cartão amarelo quando deixou o gramado.
Muntari
ouviu ofensas vindas da torcida do Cagliari no estádio Sant’Elia e
imediatamente foi até o árbitro Daniele Minelli relatar o preconceito.
Agitado, o ganês recebeu um cartão amarelo. Revoltado, o ganês deixou o
gramado aos 44 minutos do segundo tempo e deixou seu time com um jogador
a menos. O juiz aplicou um novo cartão amarelo, levando à expulsão do
atleta – que foi suspenso por um jogo pela federação italiana. Na última
sexta, a Corte Esportiva da federação cancelou a pena.
O
Cagliari, por sua vez, não foi punido pelo mau comportamento de sua
torcida. A alegação do tribunal foi a quantidade de torcedores que
protagonizaram os gritos racistas. De acordo com os relatórios, os
cantos eram realizados por cerca de 10 torcedores, o que corresponderia a
menos de 1% do público no estádio. Ainda de acordo com os relatos, eles
só puderam ser ouvidos porque a torcida fazia um protesto silencioso
naquele momento.
Globo Esporte
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