Dilma falou em pagamento pelo ‘tradicional’ caixa 2, diz Santana
Petista é personagem do acordo de delação premiada de João Santana e de Mônica Moura, já homologado pelo STF
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A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) - 18/02/2017 - (Evaristo Sá/AFP) |
Marqueteiro das
campanhas presidenciais petistas, o publicitário João Santana disse, em
acordo de delação premiada, que a ex-presidente Dilma Rousseff afirmou a
ele que parte de seus serviços de propaganda eleitoral seria quitado
via caixa dois, classificado por ela como a “forma tradicional” de
realização de campanhas. Aos investigadores da Operação Lava Jato,
Santana declarou que “negociações informais” para pagamentos se
intensificaram durante o período de Dilma Rousseff, “com a participação
direta” da petista.
Em um dos depoimentos de sua delação,
Santana disse que, entre maio e junho de 2014, em um almoço íntimo no
Palácio da Alvorada, em Brasília, Dilma lhe assegurou que atrasos de
pagamento não ocorreriam e que uma pessoa de “total confiança” seria
responsável pelo programa de pagamentos. Essa pessoa, disse o delator, é
o ex-ministro Guido Mantega. Na época, João Santana ainda não tinha
recebido pagamentos pela campanha de 2010 e pressionava para que não
houvesse atrasos nos repasses.
Meses depois, por volta de outubro e
novembro de 2014, já durante as investigações da Operação Lava Jato, a
então presidente Dilma comentou com João Santana, durante um almoço, que
o empreiteiro Marcelo Odebrecht estava mandando recados velados sobre
as investigações a respeito do petrolão. Na opinião de Dilma, Odebrecht
estava vazando informações sobre pagamentos ilegais na campanha como
forma de mandar um “recado” à presidente. Pressionada pelo empreiteiro,
Dilma tratou de se certificar de que os pagamentos ao casal João Santana
e Mônica Moura tinham sido feitos de “forma segura” via caixa dois.
Para Dilma, a atuação de Odebrecht contra ela poderia acabar causando
prejuízos também ao próprio empresário, já que a petista tinha
conhecimento de que ele era um notório financiador, via caixa dois, dos
serviços de João Santana em campanhas no exterior.
A estratégia de Dilma, relatou Santana
em sua delação, era a de que, confrontada com as suspeitas de caixa
dois, poderia apresentar os “altos valores oficiais da campanha” como
argumento de defesa. Por via das dúvidas, a petista recomendou que o
casal de marqueteiros permanecesse o maior tempo possível fora do
Brasil. “Qualquer novidade, ela avisaria”, disse João Santana às
autoridades.
No fim de novembro de 2014, com a
intensificação do cerco da Operação Lava Jato, Mônica Moura, esposa e
sócia de Santana, teve de fazer uma viagem às pressas a Brasília.
Novamente, foi alertada por Dilma de que deveria ficar fora do país para
sair do radar das autoridades. Qualquer novidade, garantiu a
presidente, seria repassada por intermédio do e-mail secreto que ela e
Mônica Moura compartilhavam.
Veja
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