Aécio Neves afirma que prisão dele seria “aberração”
Defesa de tucano enviou documento ao STF contestando pedido de prisão apresentado pela Procuradoria Geral da República
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Defesa de Aécio Neves afirma que não houve tentativa de obstrução da Lava Jato |
O senador afastado
Aécio Neves (PSDB-MG) enviou um documento ao Supremo Tribunal Federal
(STF) para rebater o recurso apresentado pela Procuradoria Geral da
República (PGR) para reforçar o pedido de prisão do parlamentar tucano.
Na peça judicial, a defesa de Aécio afirmou que a eventual prisão dele seria uma "aberração".
A
defesa de Aécio Neves (PSDB-MG) alegou inexistência de crime
inafiançável por parte do tucano, afirmando que a Constituição proíbe
que parlamentares sejam presos, salvo em flagrante. A defesa também
ponderou que, na visão deles, não há indícios concretos, apenas
depoimentos de delatores.
Aécio enviou contrarrazões ao agravo
apresentado pelo procurador-geral da República Rodrigo Janot, recurso no
qual o procurador pede que o Supremo decrete a prisão do senador, que
foi negada pelo ministro Luiz Edson Fachin, relator da Lava
Jato no STF. Aécio já tinha sofrido um pedido de prisão que foi negado
por Fachin, na decisão em que determinou o afastamento da atividade de
senador.
Após a PGR recorrer, os advogados Alberto Zacharias
Toron, José Eduardo Alckmin e Luiza Vasconcelos Oliver afirmam que a
prisão preventiva de um senador só pode ser feita em situação de
flagrante de crime inafiançável, conforme prevê a Constituição. Eles
alegam que não houve flagrante de nenhum dos crimes pelos quais o
senador é investigado no STF.
No documento de 33 páginas ,
a defesa de Aécio sustenta também que não houve tentativa de obstrução
da Lava Jato e diz que não houve nenhum ato irregular por parte do
senador.
Para a defesa, a Procuradoria faz "ginástica" para tentar
configurar um "estado de flagrância", ou seja, atos contínuos de
corrupção e tentativa de atrapalhar a Lava Jato. Segundo a defesa, o
suposto pedido de propina teria ocorrido em março e, portanto, não há
como se argumentar o flagrante.
O senador voltou a afirmar que os
R$ 60 milhões de propina disfarçados de doação informados pela JBS foram
doação de "forma absolutamente lícita e transparente", declarada à
Justiça Eleitoral.
Os advogados rejeitam que tenha havido
tentativa de atrapalhar a Lava Jato e dizem que Aécio não pode ser
punido por agir dentro das suas funções, uma vez que alteração legislativa é ato do parlamentar e o cargo foi conferido pelo voto popular com essa intenção.
Em
relação ao crime de corrupção, a defesa diz que, se houve, teria sido
consumado no dia em que o senador teria pedido vantagem indevida ao
empresário Joesley Batista, 24 de março, data em que foi gravado pelo
delator, sócio do Grupo J & F. O recebimento do valor por uma
terceira pessoa não permitiria a leitura de que houve flagrante por
parte de Aécio, segundo os advogados.
Aécio é investigado no
Supremo Tribunal Federal (STF) junto com o presidente da República
Michel Temer (PMDB) e o deputado federal afastado Rodrigo Rocha Loures
(PMDB-PR).
Além de responder agora à PGR, a defesa de Aécio também
tem um pedido feito ao STF para que seja anulada a decisão que o
afastou da atividade de senador. Um dos pedidos de Aécio Neves é o de
que a investigação contra ele seja separada da do presidente Michel
Temer.
A PGR ainda não se manifestou sobre este pedido de Aécio
Neves. Só após isso, o relator Edson Fachin deverá liberar para que
sejam pautados no plenário do STF os recursos das duas partes.
Jornal do Brasil
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