Moro deu mostras do 'estilo Moro' de interrogar na audiência com Lula; comportamento frequente na Justiça americana
Diante de Lula, o juiz extrapola o tema da ação, busca contradições e usa pitadas de ironia. Pelo menos uma vez, não resistiu a entrar no debate político
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Moro: na sacola, a marmita para as cinco horas de audiência - (Rodolfo Buhrer/Reuters) |
O juiz Sergio Moro deu fartas mostras do
“estilo Moro” de interrogar na audiência de cinco horas com o
ex-presidente Lula. Manteve o tom cordial da voz na maior parte do
tempo, usou pitadas de ironia em outros momentos e, sobretudo, exercitou
o papel que no meio jurídico se costuma chamar de “juiz promotor” —
aquele que tende a ser ativo nos processos e interrogatórios, e que, em
alguns casos, na etapa de investigação, chega a orientar a obtenção de
provas. Essa postura ficou clara com o uso da estratégia de voltar
repetidamente a pontos específicos do depoimento e ir além da questão
central da ação (o tríplex do Guarujá) para tentar identificar possíveis
contradições do petista. Trata-se de um comportamento pouco tradicional
no Judiciário brasileiro e frequente na Justiça americana, escola que
Moro habitualmente usa como inspiração.
A estratégia do juiz surtiu efeito em dois momentos: quando
Lula declarou que seu encontro com o ex-diretor da Petrobras Renato
Duque fora intermediado pelo então tesoureiro do PT, João Vaccari
(momentos antes, havia dito não saber se Vaccari e Duque tinham qualquer
relação), e quando afirmou que seu filho foi quem lhe falou sobre o
estado do tríplex do Guarujá depois da primeira visita da família (mais
tarde, apontou a mulher como a interlocutora desse assunto).
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