Constantino é condenado a 16 anos de prisão por mandar matar líder comunitário
Publicado por: Amara Alcântara
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Em 2007, ao participar de audiência do processo, Nenê Constantino deu tapa na câmera do repórter fotográfico Alan Marques, da Folha de S.Paulo |
Fundador e ex-presidente da Gol Linhas
Aéreas, o empresário Nenê Constantino, de 86 anos, foi condenado a 16
anos e 6 meses de prisão pelo assassinato do líder comunitário Márcio
Leonardo de Sousa Brito, em 2001. Ele foi considerado o mandante do
crime. Também foram condenados outros três réus: Vanderlei Batista
Silva, João Alcides Miranda e João Marques dos Santos. Acusado de
corrupção a testemunhas, Victor Bethônico Foresti, genro do empresário,
foi o único réu a ser absolvido.
O resultado do
julgamento foi anunciado pelo juiz João Marcos Guimarães Silva no início
da madrugada. Nenê Constantino, João Alcides, Vanderlei e João Marques
foram condenados por homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e
cometido diante de dissimulação.
A vítima, Márcio Leonardo, de 27 anos,
liderava um grupo de 60 famílias que ocupavam um terreno que já fora
garagem da Viação Pioneira, antiga empresa de ônibus da família do
fundador da Gol. Ele foi assassinado com três tiros em 12 de outubro de
2001.
As penas
Constantino foi sentenciado a 13 anos e 6
meses pelo homicídio e a 3 anos por corrupção de testemunha, a serem
cumpridos inicialmente em regime fechado. O empresário também terá de
pagar multa de R$ 84 mil. Cabe recurso contra a condenação. O juiz fixou
em 17 anos e 6 meses a pena imposta a João Alcides; em 15 anos a
punição a João Marques, e em 13 a aplicada a Vanderlei. Por terem mais
de 70 anos, Vanderlei e Constantino tiveram a pena atenuada. Manuel
Tavares, autor dos disparos contra o líder comunitário, já faleceu.
Sete jurados participaram do julgamento
no Tribunal do Júri de Taguatinga. Todos concluíram que o empresário foi
o mandante do crime. Entre as provas apresentadas pela acusação,
estavam gravações telefônicas entre os réus e o vídeo de uma testemunha
que alegou ter recebido a oferta de uma casa pelo grupo para
responsabilizar outra pessoa pelo crime.
Queda de pressão
Na segunda-feira à noite, quando começou
o julgamento, Nenê Constantino foi dispensado de participar das sessões
após ter passado mal com queda de prisão e por ter problemas cardíacos.
O empresário, no entanto, voltou ao tribunal na terça-feira para ser
interrogado. Ele contou que cedeu o terreno de uma garagem da Viação
Pioneira para funcionários morarem, mas que o líder comunitário e outras
famílias passaram a ocupar o local. O empresário afirmou que visitou a
área ocupada e bateu-boca com a vítima, mas que não houve qualquer
ameaça ou agressão. “Só soube da morte dele dois dias depois. Se eu
tivesse que matar um frango, morreria de fome”, disse.
A versão de Nenê Constantino é diferente
da apresentada pela acusação. Segundo a denúncia, o líder comunitário
Márcio Leonardo liderava um grupo que comprou lotes em uma invasão na QI
25 de Taguatinga Norte. O terreno, que já havia servido de garagem da
Viação Pioneira, pertencia a uma filha do empresário. A Justiça negou o
pedido da família para reintegração de posse. Liderados por Márcio, os
moradores criaram uma associação e exigiram uma indenização para deixar a
área.
Fonte: Congresso em Foco
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