Lula ao juiz Sérgio Moro durante depoimento: ‘Vou querer ser candidato outra vez’
O petista está tecnicamente empatado com o juiz da Lava Jato em simulações de 2º turno, segundo o Datafolha
![As gravatas de Lula e Moro no dia do depoimento em Curitiba As gravatas de Lula e Moro no dia do depoimento em Curitiba](https://abrilveja.files.wordpress.com/2017/05/lula-moro.jpg?quality=70&strip=info&w=680&h=453&crop=1)
(VEJA/VEJA.com)
No depoimento ao juiz Sergio Moro, Lula
disse que, antes da Lava-Jato, estava decidido a não disputar mais
eleições, mas que mudou de ideia com o avanço das investigações. O
ex-presidente é réu em cinco ações penais, acusado de crimes como
corrupção (dezessete vezes), lavagem de dinheiro (211 vezes) e tráfico
de influência (quatro vezes). Pela lei, não poderá disputar o páreo se
for condenado em segunda instância. “Depois de tudo o que está
acontecendo, estou dizendo em alto e bom som que vou querer ser
candidato à Presidência da República outra vez”, declarou o petista. A
afirmação foi feita depois de Moro perguntar se era verdade que Lula
teria afirmado, ao final da condução coercitiva de que foi alvo, que
conquistaria um novo mandato e se lembraria de cada agente envolvido
naquela ação. “Não sei se disse que me lembraria de todos eles.
Sinceramente. Também não sei se disse que seria eleito em 2018.”
Naquela altura do depoimento, Moro listava iniciativas do
ex-presidente que poderiam soar como tentativas de intimidação de
autoridades envolvidas nas investigações do petrolão. O juiz citou ações
de indenização contra delegados e procuradores, além de uma ação
criminal ajuizada contra ele próprio, que foi considerada improcedente.
Mencionou ainda o discurso no qual Lula ameaçou prender, caso eleito
presidente, aqueles que “mentiram” sobre ele, numa referência às
denúncias de corrupção.
Questionado sobre essa ameaça, o petista disse que apenas
usara uma força de expressão. Em seguida, provocou o juiz, com quem está
empatado tecnicamente, segundo o Datafolha, nas simulações sobre o
segundo turno da próxima sucessão presidencial: “No dia em que o senhor
for candidato, vai ter muita força de expressão no palanque”.
Quando as possíveis tentativas de intimidação da
força-tarefa da Lava-Jato ainda estavam sob discussão, o ex-presidente
mandou um recado direto ao juiz, sem citá-lo nominalmente: “Tenho uma
mágoa profunda do vazamento das minhas conversas com a minha mulher”. A
divulgação de tais conversas, como se sabe, foi obra de Moro e acelerou o
processo de impeachment de Dilma Rousseff. O juiz perguntou o que o
petista queria dizer com aquilo. Que o tempo se encarregará de
reescrever a história, respondeu o depoente.
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