Alexandre Moraes nega ter sido advogado de facção criminosa e plagiado obra de espanhol
Indicado
para o Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro licenciado da
Justiça, Alexandre de Moraes, negou nesta terça-feira (21) ter advogado
para a facção criminosa PCC e também de ter plagiado obra de um jurista
espanhol.
Durante
sabatina no Senado, Moraes respondeu a questões de internautas sobre as
polêmicas, que vieram à tona na imprensa e em críticas de opositores do
governo após sua indicação pelo presidente Michel Temer para o STF. Ele
classificou os dois casos, respectivamente, como “calúnia” e “história
absolutamente inverídica”.
Em
relação à versão de que teria advogado para a facção criminosa, Moraes
esclareceu que o escritório de advocacia no qual ele trabalhava em São
Paulo atendeu a cooperativa de transportes Transcooper em casos
relacionados a acidentes de trânsito causados por motoristas.
Em
2014, durante a campanha eleitoral, relatou Moraes, um deputado
estadual de São Paulo pediu a seu irmão, vereador da capital paulista e
cooperado da Transcooper, uma garagem emprestada para uma reunião. Na
ocasião, estavam presentes na garagem duas pessoas investigadas por
ligação com a facção, segundo Moraes.
“Absolutamente
nada ficou comprovado em reação ao deputado, à Transcooper, que
emprestou a garagem, muito menos nada em relação ao escritório. Primeiro
que [o escritório] não sabia da reunião, segundo nada sabia em relação à
garagem”, enfatizou o ministro licenciado.
Ele
ainda citou decisões judiciais de São Paulo que mandaram retirar do ar
notícias “caluniosas e difamatórias” sobre o episódio. “Essas
publicações deturpam os fatos e ultrapassam os limites do direito de
expressão. Uma informação dessa natureza sem respaldo em fatos concretos
causa prejuízo ao autor e à sociedade”, citou Moraes.
Em
relação ao suposto “plágio”, Moraes atribuiu a história, publicada no
início do mês pelo jornal “Folha de S.Paulo”, ao “rancor” de um
professor que concorreu com ele ao cargo de docente na Universidade de
São Paulo (USP) e foi reprovado.
Segundo
Moraes, os trechos reproduzidos em seu livro “Direitos Humanos
Fundamentais” são compilações de decisões públicas do Tribunal
Constitucional da Espanha e não de autoria do jurista espanhol Francisco
Rubio Llorente (1930-2016).
“O
Tribunal Constitucional espanhol disse que o conteúdo citado são
compilações de decisões públicas. A viúva do autor foi induzida pelo
repórter, que disse a ela ‘copiou’. E ela disse: “Se houve cópia, não
deveria ser feito’. Algo absolutamente difamatório”, afirmou Moraes.
‘Discussões acadêmicas’
Durante
a sabatina, Moraes disse que não vê “incoerência” no fato de ter
defendido, em tese acadêmica de 2000, que integrantes do Executivo
deveriam ser proibidos de serem indicados a tribunais superiores.
Se
a vedação estivesse em vigor, o próprio Moraes, que é ministro
licenciado da Justiça, estaria impedido de assumir uma cadeira no
Supremo Tribunal Federal.
“Não
vejo nenhuma incoerência, nenhuma incompatibilidade em defender uma
alteração e aceitar uma indicação. Porque eu defendi na tese que o
mandato deve ser entre 10 e 12 anos, então, em sendo aprovado, eu não
posso ser vitalício? São discussões acadêmicas sempre no sentido de um
aprimoramento e de troca de ideias”, declarou.
O
indicado afirmou ainda que não entende que a sua indicação e sua
eventual aprovação serão consideradas “favor político” e reafirmou que
vai atuar com “independência e imparcialidade”.
G1
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