Operação Lava-Jato expande para outros estados e mira no PMDB
As
ações ostensivas da Operação Lava-Jato dobraram de tamanho em 2016. Se
nos dois primeiros anos do caso foram 24 fases para cumprir mandados de
prisão, busca e conduções coercitivas, o número passou para 28 apenas em
2016. Ou seja, das 52 fases da investigação, 54% ocorreram no ano
passado, em meio ao impeachment de Dilma Rousseff, à chegada do PMDB ao
poder e às eleições municipais.
A Lava-Jato se tornou mais nacional no ano passado. Em 2014 e 2015, as
ações se concentravam apenas no Paraná, com três operações ordenadas
pelo Supremo Tribunal Federal em 2015, e uma única em Rondônia —
Crátons, que mergulhou no comércio ilegal de diamantes. Agora, mais
cinco estados participaram das apurações, com destaque para o Rio de
Janeiro e Goiás, que abriram novas frentes de apuração e ainda
conseguiram reunir provas para impulsionar casos anteriores — como
desvios do bicheiro Carlinhos Cachoeira e da ferrovia Norte-Sul.
Para 2017, fontes ligadas ao caso avaliam que o alvo deve ser,
principalmente, o PMDB, partido do presidente Michel Temer. São dois os
motivos, disseram elas ao Correio nos últimos dias. O primeiro é que a
delação da Odebrecht deve trazer à tona operadores que informarão o
caminho do dinheiro a pessoas ligadas à sigla, sobre as quais havia
informações preliminares, mas não como eram feitos os repasses de
propina. O segundo é que os documentos e informantes sobre o PT já são
abundantes e não necessitariam de novos dados, embora os executivos da
Odebrecht, como Marcelo Bahia, possam confirmar o que já havia em
relação a figuras como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, quem
sabe, trazer informações adicionais.
O petista está encrencado com cinco ações penais relacionadas ao caso e a
mais duas operações policiais. Para investigadores ouvidos, já há boas
provas de posse oculta de imóveis de Lula. A delação da Odebrecht pode
confirmar isso e ainda trazer elementos para ligá-lo, com mais
convicção, a um grande esquema de desvios em estatais em troca de apoio
político.
Outras delações devem esquentar o ano. Um dos empreiteiros que está em
nova tentativa de fechar acordo é Léo Pinheiro, da OAS. O juiz Sérgio
Moro autorizou que ele continuasse na Superintendência da PF em
Curitiba, enquanto tenta outra negociação com os investigadores.
PB Agora com Correio Braziliense
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