Com mais de 11 mil detentos, presídios da PB estão 116% acima da capacidade
A falta de defensores públicos é um dos motivos para a superlotação
nos presídios na Paraíba. Hoje, as 74 unidades prisionais, entre
presídios e cadeias públicas, abrigam 11.894 apenados, mas a sua
capacidade é de 5.500 vagas. O Estado tem a quarta maior população
carcerária do Nordeste. Desse total, 38,3% são de presos provisórios, ou
seja, aqueles que ainda aguardam a atuação de um defensor para agilizar
o processo de julgamento.
Os dados integram o relatório “A Visão do Ministério Público sobre o
Sistema Prisional Brasileiro”, elaborado pelo Conselho Nacional do
Ministério Público (CNMP), além de levantamento realizado por um portal
de notícias nacional. O documento traz uma radiografia do sistema
penitenciário nacional, incluindo as 74 unidades prisionais
inspecionadas na Paraíba.
O promotor Samuel Miranda Coreles, que atua na 6ª Promotoria de Sousa,
no Sertão, participou do relatório. Para ele, a superlotação e o
quantitativo dos presos provisórios na Paraíba refletem o cenário de
violência no Estado.
Segundo um dos integrantes do Conselho Estadual de Direitos Humanos e do
Comitê Estadual de Prevenção e Combate a Tortura, Olímpio Rocha, a
maior queixa dos detentos dos presídios e do sistema socioeducativo é a
falta de defensores públicos para acompanhar os processos de cada um.
Ele também conta que muitas vezes um simples pedido de progressão de
regime não é feito por falta desse profissional.
Um exemplo do risco das superlotações aconteceu recentemente em Patos.
Detentos do Presídio Romero Nóbrega iniciaram uma rebelião na unidade
prisional, onde dois presos morreram e dois ficaram feridos e foram
levados para o hospital da cidade. Na ocasião, um dos presos estava
armado com um revólver calibre 38 durante a confusão dentro da unidade.
Posteriormente a Polícia Civil confirmou que o motim foi causado por uma
briga pelo controle de uma facção criminosa.
Outra bomba-relógio na Paraíba é a Penitenciária Modelo Desembargador
Flósculo da Nóbrega, conhecida como Presídio do Róger, localizada em
João Pessoa (PB). A unidade tem 540 vagas e abriga 1.460 internos.
Crise carcerária – O País vive uma crise carcerária. Este ano, o Brasil
acompanhou o massacre em Manaus com 60 presos mortos. Os presídios
estão lotados e muitos apenados poderiam estar soltos. Estima-se que 42%
dos presos no país sejam provisórios, quando a média mundial é de 22% e
nos países desenvolvidos fica em torno de 8%. Muitos, sem acesso a um
Defensor Público, se veem obrigados a fazer parte de facções para
conseguir um advogado.
Pedrinhas – Vale lembrar que em 2014 o sistema penitenciário do
Maranhão, enfrentava uma grande crise no presídio de pedrinhas, quando
foram registrados, inclusive, casos de canibalismo. A intervenção da
Defensoria Pública daquele Estado ajudou a solucionar as questões mais
urgentes daquele caótico sistema prisional. A atuação da Defensoria foi
reconhecida como essencial para solucionar a crise.
Déficit – Atualmente, o quadro atual de defensores só é suficiente para
atender 24 municípios paraibanos. O Estado é o único da federação que
nunca nomeou nenhum defensor concursado. Mesmo diante de todo o problema
constatado, o Governo do Estado continue impedindo a nomeação dos
aprovados no concurso para suprir as demandas na maioria dos municípios
paraibanos. Conforme documento enviado à Casa Civil, no qual os
primeiros aprovados foram nomeados pelo Defensor Público Geral, mas
estão impedidos de entrar em exercício porque a pasta se omite em dar
publicidade oficial às nomeações.
Dados na Paraíba
Superlotação: 116,3 % acima da capacidade
Número de presos: 11.894
Número de vagas: 5.500
15 são os presídios onde os presos provisórios ficam separados dos sentenciados;
23 mortes foram registradas nas unidades prisionais em 2016;
20 unidades têm assistência jurídica aos detentos no próprio estabelecimento.
Fonte: Paraíba Rádio Blog
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