Açude Epitácio Pessoa completa 60 anos de fundação em meio a sua pior crise
O
que seria um oásis bem no meio do Cariri paraibano, mais parece uma
ilha perdia no deserto do Estado. Construído pelo Departamento Nacional
de Obras Contra as Secas (DNOCS), entre os anos de 1951 e 1956, tendo
sido inaugurada pelo presidente Juscelino Kubitschek em janeiro de 1957,
o açude Epitácio Pessoa conhecido como Açude de Boqueirão, no Cariri
paraibano completa 60 anos de fundação.
O açude que é responsável pelo abastecimento de Campina Grande e mais 18
municípios do Compartimento da Borborema, atravessa a pior crise de sua
historia, e está praticamente está seco.
Depois de já ter sangrado por 18 vezes, o manancial está apenas 4,8% da
capacidade total, um nível nunca alcançado em seis décadas de história.
A esperança de dias melhores para o açude está na conclusão das obras
da Transposição do Rio São Francisco.
Com capacidade para armazenar 411,686 milhões de metros cúbicos de água,
o manancial inaugurado em 16 de janeiro de 1957 está com apenas 18,565
milhões, conforme os dados da Agência Executiva de Gestão de Águas da
Paraíba (Aesa). Por conta do baixo nível, as cidades abastecidas
enfrentam um forte esquema de racionamento de água há mais de dois
anos. Segundo o especialista e recursos hídricos, Isnaldo Luna, que
durante 20 anos monitorou o açude como gerente de bacias hidrográficas
da Aesa, o açude de Boqueirão divide momentos de sangrias maravilhosas,
mas também de secas terríveis.
Sangrias e secas tem marcado o açude. Desde a inauguração ele sangrou
18 vezes, nos anos de 1967, 1968, 1973, 1974, 1975, 1976, 1978, 198,
1984, 1985, 1986 e 1989. Depois ele passou 15 anos sem sangrar.
Em 28 de dezembro de 1999, o manancial atingiu o pior nível de sua
história, antes da seca atual, chegando ao nível de 14%. Os dias de
preocupação acabaram da época cessaram em 1º de fevereiro de 2004 voltou
a atingir o nível máximo. As outras novas sangrias ocorreram em 2005,
2006, 2008, 2009 e 2011. As sangrias proporcionavam cenas espetaculares.
O enorme paredão de água formavam cachoeiras que jorravam
abundantemente.
Quando o açude de Boqueirão sangrou pela última vez, em 2011, segundo
relembrou Isnaldo Cândido, ele teve a melhor fase de sua história.
Segundo os dados da Aesa, ele passou 202 dias transbordando água sem
parar. A sangria começou no dia 6 de março de 2011 e só parou no dia 22
de setembro daquele ano.
A realidade hoje é bem diferente. A água que antes ocupava toda uma área
que mais parecia um “mar” no Cariri paraibano, recuou
significativamente, dando lugar a pequenas ilhas. No manancial já é
possível identificar mais de 15 ilhas e morros, que antes eram cobertos
pela água do açude. A torre de comando que faz o bombeamento da água
para o abastecimento dos municípios pode ser vista em toda sua
totalidade. A vegetação seca, os peixes mortos nas margens do açude e
os barcos dos pescadores abandonados, também atestam o drama causado por
uma das mais rigorosas estiagens dos últimos 30 anos. O aparecimento
dos rochedos antes submersos, mostram a gravidade da seca.
Severino Lopes - PB Agora
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