Ex-governador Sérgio Cabral é transferido do Rio de Janeiro para Curitiba
O
ex-governador do Rio, Sérgio Cabral Filho, embarcou por volta das 13h
em avião da Polícia Federal designado para levá-lo para Curitiba. O voo
decolou pouco antes das 14h. O ex-governador teve a transferência
determinada pela Justiça Federal, depois que o Ministério Público do Rio
de Janeiro recebeu denúncias de que Cabral tinha regalias no presídio
onde estava preso desde o dia 17.
Chegando
a Curitiba, Cabral ficará preso na carceragem da Polícia Federal (PF),
onde estão outros réus da Operação Lava Jato. Entre eles, o ex-ministro
Antonio Palocci, o ex-deputado federal Eduardo Cunha e o empresário
Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empreiteira que leva o seu sobrenome.
Na
manhã deste sábado (10), Cabral deixou o Complexo de Gericinó, em
Bangu, Zona Oeste do Rio, a caminho da Base Aérea do Galeão. No trajeto,
que levou aproximadamente 30 minutos, Cabral saiu em um comboio de três
carros para a base aérea do Galeão, onde irá embarcar para Curitiba.
Ele embarcou por volta das 13h. A estimativa era que o ex-governador
chegasse a Curitiba às 15h.
Em
imagens aéreas, Cabral, de camisa branca, foi filmado se despedindo de
familiares, como os três filhos, ainda dentro do presídio. No momento em
que deixava a penitenciária, Cabral foi vaiado e chamado de “ladrão”
por pessoas que aguardavam para visitar internos.
O
juiz federal Marcelo Bretas decidiu pela transferência do ex-governador
depois que o promotor André Guilherme Freitas, das Promotorias de
Justiça de Execução Penal do RJ, do Ministério Público estadual,
denunciou que Cabral estava recebendo na Cadeia Pública José Frederico
Marques visitas de amigos e familiares sem que eles estejam cadastrados
na Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap). A
informação foi divulgada com exclusividade pela Globonews.
“Estava
recebendo visitas de forma ilegal. Visita de parlamentares e até mesmo
de familiares em descumprimento às regras de visitação. Isso fere o
princípio da igualdade. Eu tive o cuidado de agrupá-los e enviá-los ao
juiz federal para que ele tivesse conhecimento do que estava
acontecendo”, disse o promotor André Guilherme de Freitas, do Ministério
Público do RJ.
Em
seu ofício ao juiz Bretas, o promotor comunica que a visita ao
ex-governador está ocorrendo de forma “irregular e ilegal”. Para chegar a
essa conclusão, o promotor colheu informações de visitantes e da Seap.
“O
referido réu está recebendo visitas de familiares e pessoas amigas em
desconformidade com resolução que limita a um único credenciamento”,
informa o documento. As regras são semelhantes a parentes.
O
documento ainda relata que autoridades públicas devem visitar o
ex-governador no exercício de suas funções, o que, segundo descobriu o
promotor, não vem acontecendo.
Defesa fala que Cabral corria risco por estar no mesmo presídio de traficantes
De acordo com o Jornal Hoje, Bretas também considerou o pedido da defesa do ex-governador pra autorizar a transferência. Os advogados alegaram que Cabral corria em risco por estar no mesmo presídio de traficantes e milicianos presos enquanto ele era governador. O G1 e a produção do telejornal não conseguiram falar com os advogados de Cabral.
De acordo com o Jornal Hoje, Bretas também considerou o pedido da defesa do ex-governador pra autorizar a transferência. Os advogados alegaram que Cabral corria em risco por estar no mesmo presídio de traficantes e milicianos presos enquanto ele era governador. O G1 e a produção do telejornal não conseguiram falar com os advogados de Cabral.
Cabral
está preso desde o dia 17 na cadeia pública José Frederico Marques. Sua
prisão fez parte da Operação Calicute, da Polícia Federal e Ministério
Público Federal, que apura desvios em obras do governo estadual. O
prejuízo é estimado em mais de R$ 220 milhões. Além de Cabral, dez
pessoas foram presas no dia da operação. Na terça-feira (6), a advogada
Adriana Ancelmo, mulher de Cabral, também foi detida.
A
operação Calicute foi deflagrada a partir de investigações da Polícia
Federal e de uma Força-tarefa do Ministério Público Federal do RJ. De
acordo com as investigações, Cabral era o cabeça do esquema de corrupção
e de recebimento de propina, que envolvia obras da Andrade Gutierrez.
A
Polícia Federal concluiu no dia (30) o inquérito relativo à 1º fase da
Operação Calicute. As investigações resultaram em 16 pessoas indiciadas
pelos delegados federais que conduziram o procedimento por crimes que
vão de corrupção passiva e ativa, organização criminosa a lavagem de
dinheiro. Serão instaurados ainda outros inquéritos policiais para
aprofundamento de novas vertentes da investigação. Entre os indiciados
estão o ex-governador Sérgio Cabral e Adriana Ancelmo.
A
Seap divulgou nota sobre as visitas ao ex-governador. No documento
esclarece que “todas as visitas de familiares do ex-governador Sérgio
Cabral foram previamente cadastradas e tiveram as carteirinhas de
visitantes expedidas conforme normas desta secretaria. Esta secretaria
esclarece, também, que tem sido fiscalizada pelo Ministério Público e
pela Vara de Execuções Penais nesta unidade prisional e em todas as
outras. Cabe ressaltar que deputados possuem prerrogativas parlamentares
para entrar e, inclusive, fiscalizar unidades prisionais a qualquer
momento, sem necessariamente ser o dia de visita”.
A
Secretaria Penitenciária esclareceu ainda que há câmeras em Bangu 8
para monitorar a movimentação dos detentos. A Seap colocou os vídeos à
disposição do Ministério Público Estadual e do Ministério Público
Federal para que se verifique se houve ou não facilidades ou benefícios
concedidos a internos.
G1
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