“Justiça”, “Boca Mole”, “Caju”, “Índio”, “Caranguejo”. Veja quem é quem na lista de codinomes da Odebrecht
De acordo com o ex-vice-presidente de
relações institucionais da empreiteira Cláudio Melo Filho, para
identificar deputados, senadores e demais autoridades, a empresa usava
apelidos.
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Executivos da empreiteira Odebrecht afirmam ter feito pagamentos a políticos e autoridades |
Em
delação premiada à Operação Lava Jato, executivos da empreiteira
Odebrecht afirmam ter feito pagamentos a diversos parlamentares e
autoridades em geral para que cuidassem dos interesses da empresa no
poder público. Para identificar deputados, senadores e demais
autoridades, a empresa usava apelidos curiosos como: “Justiça”, “Boca
Mole”, “Caju”, “Índio”, “Caranguejo”. As informações foram divulgadas
pelo site Buzzfeed Brasil em matéria dos repórteres Severino Motta e
Alexandre Aragão.
De acordo com o material a que o site teve acesso fruto da delação
premiada do ex-vice-presidente de relações institucionais da Odebrecht
Cláudio Melo Filho, os seguintes nomes eram usados para disfarçar, em um
primeiro momento, as figuras públicas.
Veja a lista:
Caju – Romero Jucá (PMDB-RR)
Ex-ministro da Casa Civil de Michel
Temer e considerado por Cláudio Melo Filho responsável pela arrecadação
de dinheiro no âmbito do PMDB no Senado e posterior distribuição para
campanhas eleitorais – oficialmente ou por meio de caixa dois. Em nota, o
Jucá afirmou que desconhece a delação do ex-vice-presidente da
Odebrecht e nega que recebesse recursos para o PMDB.
Justiça – Renan Calheiros (PMDB-AL)
Presidente do Senado Federal é
apontado pelo delator como um dos principais articuladores dos
interesses da empreiteira na Casa. Ainda segundo informações do
Buzzfeed, quem falava em nome de Renan era Romero Jucá.
Em nota, a assessoria da presidência do Senado disse que Renan
Calheiros nunca autorizou ou credenciou qualquer pessoa a usar seu nome.
Disse ainda que ele jamais recebeu vantagens de quem quer que seja.
Destacou ainda que todas as contas eleitorais e pessoais do senador são regulares e com recursos de origem conhecida.
Índio - Eunício de Oliveira (PMDB-CE)
Senador também era
representado por Romero Jucá, que, segundo o delator, recebeu R$ 22
milhões em nome de Eunício e Renan Calheiros. O pagamento era para que
os senadores garantissem a aprovação de projetos e medidas provisórias
de tal forma que os interesse da Odebrecht fossem preservados nas
matérias.
Eunício de Oliveira, por sua vez, afirmou que “nunca autorizou o uso
de seu nome por terceiros e jamais recebeu recursos para a aprovação de
projetos ou apresentação de emendas legislativas”. Disse ainda que, “a
contribuição da Odebrecht, como as demais, fora recebidas e
contabilizadas de acordo com a Lei. E as contas aprovadas pela Justiça
eleitoral”.
Babel - Geddel Vieira Lima (PMDB-BA)
Exonerado da Secretaria de
Governo de Michel Temer há duas semanas após envolver o governo em uma
crise. Ele teria recebido R$ 1,5 milhão do esquema. O delator, baiano
como o ex-ministro, apresentou como prova de seu relacionamento com
Geddel mais de 100 ligações registradas em seu celular.
Bitelo – Lúcio Viera Lima (PMDB-BA)
Irmão de Geddel e deputado
federal também é citado na delação. Segundo o ex-diretor da Odebrecht,
Lúcio, para não atrapalhar a aprovação de uma medida provisória de
interessa da Odebrecht, recebeu entre R$ 1 milhão a R$ 1,5 milhão.
Segundo o deputado, “todas as doações foram declaradas”.
Primo – Eliseu Padilha (PMDB-RS)
Ministro da Casa Civil centralizava
arrecadações para Temer, então candidato à reeleição à vice-presidente
nas eleições de 2014. De acordo com o delator, Padilha atua como
verdadeiro “preposto de Michel Temer e deixa claro que muitas vezes fala
em seu nome”. O ministro Eliseu Padilha lembrou que não foi candidato a
cargos eleitorais em 2014 e afirmou que jamais discutiu arrecadação com
quem quer que seja.
Angorá – Moreira Franco (PMDB-RJ)
Secretário especial de governo
também seria responsável por arrecadar verba para Temer, porém, valores
menores do que Eliseu Padilha. Moreira Franco disse que a delação é
mentirosa e que jamais falou sobre política ou sobre doações para o PMDB
com Cláudio Melo Filho. O ministro Eliseu Padilha lembrou que não foi
candidato a cargos eleitorais em 2014 e afirmou que jamais discutiu
arrecadação com quem quer que seja.
Caranguejo – Eduardo Cunha (PMDB-RJ)
Segundo o delator, Cunha recebeu
R$ 7 milhões para auxiliar nas pautas de interesse da empreiteira na
Câmara dos Deputados.
Polo – Jacques Wagner (PT-BA)
Ex-ministro de Dilma e ex-governador
da Bahia, Jacques recebeu ainda um relógio Hublot modelo Oscar Niemeyer
que custa cerca de R$ 80 mil. Segundo o delator, o político foi
beneficiado com diversos pagamentos. Somente em 2010 o delator diz que
lhe foram destinados cerca de R$ 9,5 milhões.
Ferrari – Delcídio do Amaral (ex-PT-MS)
Senador cassado recebeu,
após a aprovação de um projeto no Senado sobre alíquotas de ICMS,
recebeu R$ 500 mil.
Botafogo – Rodrigo Maia (DEM-RJ)
Atual presidente da Câmara dos
Deputados foi citado por Melo Filho como o destinatário de R$ 100 mil
enviados pela Odebrecht.
Las Vegas – Anderson Dornelles
Fiel assessor de Dilma Rousseff
aparece na delação de Melo Filho como destinatário de mesada de R$ 50
mil da empreiteira.
Campari – Gim Argello (PTB-DF). Segundo Melo Filho, ex-senador atualmente preso pela Lava Jato recebeu R$ 1,5 milhão em espécie.
Cerrado, Pequi ou Helicóptero – Ciro Nogueira (PP-PI). Senador recebeu R$ 1,6 milhão da empreiteira, segundo Melo Filho.
Pino ou Gripado – José Agripino Maia (DEM-RN)
Senador aparece como
sendo beneficiário de R$ 1 milhão que lhe teriam sido destinados pela
Odebrecht após pedidos de Aécio Neves. Em nota, Agripino afirmou que
desconhece a delação. Aécio Neves ainda não se pronunciou.
Todo Feio – Inaldo Leitão
Ex-deputado teria recebido R$ 100 mil.
Corredor – Duarte Nogueira (PSDB-SP)
Prefeito eleito de Ribeirão
preto é citado como beneficiário de R$ 350 mil no sistema que a
Odebrecht usava para controlar pagamentos não contabilizados.
Gremista – Marco Maia (PT-RS)
Deputado aparece em um episódio
narrado por Cláudio Melo Filho a investigadores em sua proposta de
delação premiada. De acordo com o Buzzfeed, o delator diz que conheceu
Maia numa viagem a Nova York em 2011. Os dois se reencontraram algumas
vezes até que, em 2014, o deputado lhe pediu ajuda para a campanha.
Segundo Melo Filho, dois pagamentos foram feitos ao deputado, somando R$
1,35 milhão. Maia ainda não se pronunciou sobre as acusações.
Tuca – Arthur Maia (PPS-BA)
Deputado aparece como beneficiário de R$
600 mil. Em sua defesa, diz que doação foi “conforme a legislação”. De
acordo com Maia, os valores recebidos à época foram “depositados em
conta corrente de campanha, aberta com CNPJ específico para minha
candidatura à Deputado Federal”.
Misericórdia – Antônio Brito (PSD-BA)
Deputado federal teria recebido R$ 100 mil.
Decrépito – Paes Landim (PTB-PI). Deputado também figura na lista e teria recebido R$ 100 mil em 2010.
Boca Mole – Heráclito Fortes (PSB-PI). Deputado federal recebeu, segundo o delator, R$ 200 mil em 2010.
Kimono – Arthur Virgílio (PSDB-AM)
Prefeito reeleito de Manaus teria recebido em 2010, R$ 300 mil da Odebrecht.
Missa – José Carlos Aleluia (DEM-BA)
Recebeu, segundo Melo Filho, R$
300 mil da Odebrecht. O deputado, porém, nega recebimento irregular de
qualquer valor e diz que qualquer pessoa pode acessar sua prestação de
conta na internet.
Feia – Lídice da Mata (PSB-BA)
Senadora consta na planilha como beneficiária de R$ 200 mil.
Velhinho – Francisco Dornelles (PP)
Ex-deputado e atual
vice-governador do Rio de Janeiro, aos 81 anos, teria recebido R$ 200
mil.
Como é praxe, o Congresso em Foco espera a manifestação dos demais
mencionados na delação de Cláudio Melo Filho para a publicação no site, a
qualquer tempo.
Congresso em Foco
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