Oposição diz que vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal contra aprovação da PEC do Teto

“A PEC é
inconstitucional, interfere nos outros poderes, que são independentes e
autônomos, e também ataca o artigo da Constituição que impede que os
direitos sociais sofram uma regressão. Então, o próximo passo
efetivamente será pedirmos uma ação de inconstitucionalidade contra essa
proposta de emenda constitucional”, disse o senador Humberto Costa
(PT-PE), líder do partido no Senado.
Mais cedo, as senadoras
Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Vanessa Graziotin (PCdoB-AM) protocolaram
pedido no STF para interromper a votação da PEC, também conhecida como
PEC do Teto dos Gastos, sob o argumento de que a contagem de prazo entre
um turno de votação e outro não poderia incluir sessões
extraordinárias, como ocorreu. No entanto, o ministro Luis Roberto
Barroso rejeitou o pedido.
Eleições diretas
Os
senadores de oposição defendem ainda a renúncia do presidente Michel
Temer e a convocação de eleições diretas. Segundo Costa, em reunião dos
partidos da bancada de oposição, nesta manhã no Senado, os
oposicionistas decidiram que não votariam a PEC e nenhuma outra pauta
sem definir uma posição sobre a crise política, em referência ao
vazamento de delações premiadas da Odebrecht que apontam o envolvimento
de membros do governo.
“Essas denúncias, verdadeiras ou não,
atingiram o coração do governo e o próprio presidente da República. E se
já faltava para esse governo legitimidade, pelo fato de ser oriundo de
um processo político, e não de um processo constitucional, agora com o
envolvimento de tantos integrantes da alta cúpula em denúncias, uma
queda extremamente importante da popularidade do governo, não há outra
saída para o país que não seja elegermos um governo que seja
representante da vontade da maioria”, disse Costa.
A bancada
defende uma alteração na Constituição Federal para que sejam convocadas
eleições diretas no próximo ano. Pelo texto constitucional, em caso de
impedimento do presidente e do vice nos últimos dois anos do mandato, o
Congresso Nacional deve convocar eleições em 30 dias depois da vacância
do último cargo, no caso o vice-presidente.
A proposta de novas
eleições também foi defendida pelo senador Ronaldo Caiado (DEM-GO),
integrante da base governista. “O momento nacional é um momento sério,
grave, e não podemos fazer cara de paisagem como se nada estivesse
acontecendo. Neste momento, o Congresso tem credibilidade para legislar?
O governo tem credibilidade para governar? Se não tem, a população tem
que ter condição de reelegê-los novamente.”
Em nota, o PPS,
partido da base, disse que “momentos de crise exigem união em prol do
país, dos interesses dos brasileiros. A situação não deve servir de
justificativa para ameaças e até chantagem com o objetivo de conquistar
mais espaço de poder. Aliás, chantagem é uma coisa que já deveria ter
sido varrida da política”, disse o líder da legenda na Câmara, deputado
federal Rubens Bueno (PR).
Para o parlamentar, o momento é de
superação da crise. “Temos um governo transitório com a principal missão
de adotar algumas medidas fundamentais para superação da crise
econômica que está afetando a vida de milhões de brasileiros. É o caso,
por exemplo, da reforma da Previdência. Não é um governo salvador da
Pátria. Sabíamos disso quando aprovamos o impeachment. Então, não convém tomar atitudes para agravar ainda mais a crise.”
Agência Brasil
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