Procuradores da República reagem ao ex-presidente Lula e denunciam “intimidação”
Ex-presidente processou procurador Deltan Dallagnol, defendido por colegas no Paraná
Deltan Dallagnol foi processado por advogados de Lula | Foto: Rovena Rosa / ABr / CP |
Os procuradores da República saíram em defesa de seu colega Deltan
Dallagnol, um dos coordenadores da Operação Lava Jato, alvo de ação de
danos morais movida pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O
petista cobra R$ 1 milhão do procurador a título de danos morais.
Em
nota de desagravo a Deltan, a Associação Nacional dos Procuradores da
República (ANPR) - principal e mais influente entidade dos membros do
Ministério Público Federal - sustenta que a estratégia de Lula "busca,
nitidamente, inverter os papéis".
“Pessoa
acusada por crimes objetiva penalizar agentes do Estado, em caráter
pessoal, pelo normal e autêntico exercício de sua missão constitucional.
Ao alegar de forma tardia um suposto e absolutamente inexistente abuso
de autoridade, pretende-se punir o trabalho de um membro do Ministério
Público Federal que cumpriu regularmente o dever e o direito de informar
a população sobre os atos relativos à operação”, diz a nota, subscrita
pelo procurador regional da República José Robalinho Cavalcanti,
presidente da ANPR.
O ponto central da ação movida pelos
advogados de Lula é a entrevista coletiva à imprensa que Deltan concedeu
em 14 de setembro para anunciar os detalhes da denúncia criminal contra
o petista por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do triplex do
Guarujá – na ocasião, o procurador classificou o ex-presidente de
“comandante máximo” do esquema de propinas instalado na Petrobras entre
2004 e 2014.
Nessa quinta-feira, os advogados de Lula
ingressaram com ação de danos morais contra Deltan. “O direito de
petição é livre e as estratégias de defesa estão abertas a qualquer um,
mas a mesma Justiça que presentemente julga o ex-presidente Lula –
inclusive pelos fatos noticiados na referida entrevista – saberá com
certeza reconhecer e rechaçar o que consiste em mal disfarçada intenção
de inibir e retaliar a ação de membros do Ministério Público”, destaca a
nota de desagravo.
“Ação visa amordaçar Ministério Público”
A entidade dos procuradores avalia que se trata “de iniciativa de mesmo gênero das propostas em trâmite no Congresso Nacional que pretendem criminalizar atos que constituem exercício legítimo da atividade do Ministério Público e de juízes como se fossem supostos abusos”.
“Ação visa amordaçar Ministério Público”
A entidade dos procuradores avalia que se trata “de iniciativa de mesmo gênero das propostas em trâmite no Congresso Nacional que pretendem criminalizar atos que constituem exercício legítimo da atividade do Ministério Público e de juízes como se fossem supostos abusos”.
“A
ação visa também amordaçar o Ministério Público e outros agentes do
estado que legitimamente explicaram sua atuação à opinião pública,
prestando esclarecimentos sobre fatos que não estão cobertos por
sigilo.” A Associação Nacional dos Procuradores sustenta que Deltan,
acompanhado de colegas da força-tarefa da Lava Jato, “como já o fez nos
demais momentos das investigações, ao conceder a entrevista, prestou
esclarecimentos cabíveis e necessários à sociedade”.
“A
estratégia de processar Deltan isoladamente, e não a União ou os membros
da força-tarefa, denota claro propósito intimidatório”, afirma a
entidade. “Se o real propósito fosse a indenização por supostos
prejuízos à imagem, o caminho natural seria acionar o Estado, diante das
facilidades jurídicas desse tipo de ação quando comparada à ação contra
o servidor público.” A nota assinada por Robalinho destaca que “os
responsáveis pela Lava Jato têm sido exemplo sólido no cumprimento da
lei de forma imparcial e técnica”.
“A atuação da
força-tarefa fundamenta-se em provas robustas reunidas ao longo de mais
de dois anos de investigações que se tornaram referência no Brasil e no
mundo no que concerne o combate efetivo à corrupção, premiada nacional e
internacionalmente.” A Associação dos Procuradores enfatiza, ainda: “O
Ministério Público é um só, e o ataque pessoal a um de seus membros
apenas acentua esta unidade. O procurador da República Deltan Dallagnol
tem o respeito e o apoio de seus colegas de Ministério Público Federal
ao conduzir-se de forma profissional e competente, nas investigações da
Lava Jato. Nada nem ninguém afastará os membros do Ministério Público
Federal do cumprimento equilibrado, impessoal e destemido de seus
deveres.”
Yahoo
Nenhum comentário:
Postar um comentário